Naquele dia, um funâmbulo percorreu um cabo esticado entre as duas torres do World Trade Center. E o mundo parou para ver. Esta é a história de vidas que mudaram naquele dia. Dos que o viram e se sentiram abalados pela sua coragem. Dos que ouviram falar e quiseram saber mais. E dos que nunca chegaram a saber porque perderam algo de irrecuperável naquele mesmo momento. Estas são histórias de vidas que, aparentemente, nada têm de comum, mas que se ligam de forma imprevista ao longo deste livro.
Há várias histórias interligadas ao longo desta narrativa. Cada capítulo corresponde a uma nova personagem, uma nova história e um novo ponto de vista. Nalguns deles, sabemos de antemão as suas ligações com figuras anteriores. Noutros, essa ligação é ténue, um contacto de instantes, ou acaba por se revelar apenas muito mais tarde. E se esta complexidade, esta multiplicidade de histórias e de vidas diferentes, cria uma certa confusão inicial (demasiadas linhas a seguir, demasiadas histórias encerradas quando queremos ainda saber mais), o impacto final de todas estas histórias, por vezes aparentemente incompletas, é maior pelo facto de um simples acontecimento estar, afinal, ligado a tantas vidas diferentes.
Alguns momentos são bastante impressionantes. Se algumas das histórias são, de facto, mais cativantes que outras (e aqui as de Corrigan e Claire têm uma força muito marcante), também é verdade que, em todas elas, marca a intensidade da escrita, não só no mais emotivo, mas também na forma como a memória permanece ligada aos mais pequenos pensamentos e acontecimentos. E isto é algo que o autor parece dominar na perfeição.
Ainda que o número elevado de personagens e linhas narrativas cruzadas exija bastante concentração, sacrificando talvez parte da envolvência, o balanço final desta leitura é claramente positivo. Personalidades marcantes, acontecimentos poderosos e decisões irreversíveis marcam toda uma série de vidas ao longo deste livro, deixando no ar, enfim, uma certeza e uma pergunta. Aconteça o que acontecer, a vida continua sempre. E não é a vida uma história sempre incompleta?
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