O método de ensino daqueles professores consiste na aprendizagem da língua francesa através do contacto com Paris e com as coisas da cidade. Mas, para os três alunos daquele dia, a aprendizagem será de muito mais que os rudimentos de um novo idioma. Para Josie, a aprender como viver com uma perda cuja dor julga não ter direito a sentir, Riley, a viver uma vida que há muito tempo não a satisfaz, e Jeremy, amando a mulher, mas incapaz de conviver com a sua rotina de estrela de cinema, o dia passado na companhia dos seus professores será uma reflexão sobre o rumo das suas próprias vidas e as potencialidades de mudança que nunca ousaram considerar. Mas talvez também os professores tenham muito a aprender...
Constituído por três histórias que se cruzam em muito poucos elementos, mas que, apesar disso, parecem completar-se, é nesta diversidade de histórias de vida (ainda que tão comuns nos seus pontos essenciais) que se encontra um dos pontos mais interessantes deste livro. O ponto de união entre as três histórias está, afinal, na invulgar ligação entre os três professores, mas, apesar disso, é na história dos alunos que se centra a narrativa, desenvolvendo passados e possibilidades, no que acaba por funcionar, afinal, como uma reflexão sobre a mudança.
Ainda que seja o amor o ponto central deste livro e apesar da escrita leve e agradável, o essencial da história tem muito pouco de cor-de-rosa. Na história de Josie, levantam-se questões interessantes acerca da fidelidade no matrimónio, da forma como os valores que parecem definir-se a preto e branco acabam por ser, por vezes, mais complexos do que seria de esperar. Com Riley, surge a resignação ante uma vida menos que perfeita, como justificação para uma certa apatia, que não pode, contudo, durar para sempre. E Jeremy, com a sua necessidade de silêncio por oposição à ruidosa vida da mulher, propicia algo de reflexão sobre a convivência entre mundos diferentes. Haveria, talvez, um pouco mais a dizer sobre estas três histórias, mas o essencial está lá, tanto a nível de emoção como de reflexão.
De tudo isto, fica uma leitura que, construída com uma certa leveza e de leitura agradável, acaba por surpreender por aquele toque de nostalgia e pela reflexão inesperadamente complexa que, nalguns momentos, acaba por surgir. Funciona, portanto, tanto como uma leitura para descontrair (nas situações mais curiosas), como enquanto reflexão sobre as complexidades do amor. E, por tudo isto, gostei.
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