Phaedra Blair é uma mulher invulgar para o seu tempo. Não acredita no casamento nem nas convenções sociais e não está a disposta a submeter-se a qualquer homem. Mas a sua vida muda quando, após a morte do seu pai, se vê a braços com a missão de publicar as suas memórias. É que esse manuscrito pode comprometer muitas reputações. Reputações como a de Elliot Rothwell, com quem se cruza pela primeira vez... numa situação delicada.
Tal como O Protector, também este livro deixa sentimentos ambíguos, já que, a uma ideia interessante e com momentos efectivamente bem conseguidos, há outros aspectos que deixam um pouco a desejar. Mas vamos por partes.
Do lado dos pontos positivos, destaca-se um início bastante interessante, com a ideia do manuscrito capaz de comprometer muitos a insinuar possibilidades de uma história com muito potencial, colocando uma mulher sozinha contra os interesses de demasiados. Além disso, há algumas interacções bastante cativantes a decorrer na narrativa, principalmente quando os protagonistas estão sozinhos e a interagir com o mundo em redor. A situação de Phaedra com as mulheres, bem como a sua determinação em descobrir os segredos no passado da mãe são, aliás, particularmente tocantes.
O que me leva ao lado negativo que, mais uma vez, reside nos protagonistas e na relação entre ambos. A autora cria uma protagonista feminina forte e defensora dos direitos das mulheres, mas grande parte da sua interacção com Rothwell serve mais para a revelar como vulnerável, quando não como insegura das suas ideias. Já Rothwell é apresentado como uma figura de princípios nobres e o mais afável dos irmãos, mas a sua postura de dominância chega, por momentos, a ser revoltante, atenuando os seus momentos bons (que, de facto, existem). Há, é certo, uma melhoria nesta relação com o evoluir do enredo, mas é inevitável a impressão de que tudo é demasiado forçado entre ambos e a tentativa de transmitir a imagem do romance como um acto de domínio ou submissão.
O impacto final de tudo isto é, portanto, o de uma leitura que tem os seus momentos bons e que tem alguns detalhes particularmente bem conseguidos, principalmente na história da mãe de Phaedra. Pena que a autora dedique menos tempo a estes aspectos que aos jogos de dominância entre os protagonistas.
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