Falhada a tentativa de eliminar Zoey Redbird no seu momento mais vulnerável, Neferet precisa agora de um novo plano e o domínio que tem sobre Kalona pode ser a arma de que necessita para regressar ao centro dos acontecimentos. Mas o refúgio de Zoey é um lugar de magia poderosa e, por isso, um local seguro para a jovem recuperar das experiências vividas. Assim, Neferet precisa de atrair a sua adversária de volta para o lugar que, apesar de tudo, ainda domina e, mais uma vez, a Casa da Noite de Tulsa será o cenário para o inevitável conflito, onde a perda não poderá ser impedida e a necessidade de escolher um lado poderá mudar os rumos do mundo.
Dando continuidade à mudança de rumo iniciada no livro anterior, um dos pontos mais interessantes deste livro é a forma como o foco deixou de estar apenas na protagonista, sendo possível acompanhar a evolução de várias personagens pelos seus próprios pontos de vista. Aliás, ao desenvolver alguns dos capítulos do ponto de vista de Kalona e Neferet, as autoras constroem uma visão mais clara dos dois lados da batalha - e do que falha em ambos os lados. São mais evidentes as divergências - e aqui a interacção entre Kalona e Neferet, associada às questões do fracasso e da submissão é particularmente interessante - e as decisões menos unânimes, o que resulta numa perspectiva mais ampla dos acontecimentos.
Também há menos situações forçadas a nível de relações amorosas, ainda que continuem a surgir ocasionalmente. Talvez devido à tensão crescente que vai surgindo com o agravar das circunstâncias, ou talvez ao elemento de perda que surge em força neste livro, não é no lado romântico que estão os melhores momentos, mas no afecto mais simples de quem ama e perdeu, ou de quem julga ter perdido para encontrar uma resposta inesperada.
Em termos do desenvolvimento global, continuam a ficar muitas perguntas sem resposta e a resolução da situação na Casa da Noite acaba por recordar acontecimentos de volumes anteriores. Fica, apesar disso, uma boa medida de curiosidade em saber o que virá depois, principalmente devido à inclusão de alguns novos elementos interessantes, e às mudanças operadas sobre algumas personagens.
Escrito de forma simples (como vem sendo habitual nesta série), mas com uma história envolvente e alguns momentos particularmente bem conseguidos (principalmente nas situações mais comoventes e nos rasgos de humor que vão surgindo), Despertada dá continuidade a uma história que, apesar de alguns elementos mais forçados, tem, ainda assim, bastante de interessante. Gostei.
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