Ao longo do último ano, a tranquilidade instalou-se em Krondor. Mas no dia em que Arutha apresenta ao povo os seus herdeiros surge também o primeiro sinal de que o inimigo poderá estar de volta. Novas tentativas de assassinar o príncipe e o ressurgir dos Noitibós são apenas parte dos sinais que indicam que Murmandamus prepara uma nova ofensiva. E, enquanto Arutha se encaminha, da melhor forma possível, para o que sabe que será o confronto final, cabe a Pug, o mago, encontrar o feiticeiro que detém todas as respostas, procurando uma forma de deter um Inimigo que é ainda imensamente superior ao que todos julgam enfrentar.
Tal como já acontecera no volume anterior, um dos aspectos mais interessantes deste livro é a forma como a narrativa evolui de um ponto inicial quase leve, partindo de um tom bastante descontraído e com um toque de humor, para avançar para algo de mais sério e mais sombrio, mas que é ainda assim, bastante pessoal (na medida em que diz respeito, no início, às decisões e ao caminho de Arutha), expandindo-se depois para uma situação que pode afectar os rumos de toda Midkemia e que, por isso, envolve todas as suas principais figuras. Constrói-se, assim, uma assimilação progressiva dos acontecimentos, primeiro no que toca à situação de Arutha e à profecia que o lida a Murmandamus (e que é a fonte de muitos dos seus problemas), depois evoluindo para uma visão mais vasta, com grandes batalhas, muita magia e uma série de revelações que culminam num final muito bem conseguido.
Muitas das principais personagens deste livro são já familiares, não havendo tanto desenvolvimento a nível da sua caracterização pessoal. São os acontecimentos, e não os que os protagonizam, o grande foco deste último volume. Ainda assim, há momentos particularmente interessantes a nível de personagens, quer na forma como Jimmy e Locklear acompanham o evoluir da situação (crescendo com ela), quer como alguns regressos e mudanças vêm revelar uma nova faceta de figuras já bem conhecidas. Além disso, se há menos destaque aos dilemas pessoais das personagens, já nas suas interacções há momentos muito bons, quer no que toca aos laivos de humor (principalmente os de Amos Trask), quer nas situações mais emotivas (e aqui, há múltiplas personagens a evidenciar-se).
Envolvente, com um ritmo inicialmente pausado, mas que cresce em intensidade com a evolução do enredo, As Trevas de Sethanon põe fim, de forma cativante e, em vários aspectos, surpreendente, a uma história que, de feita de acção e de magia, mas também de nobreza e de crescimento, apresentou aos seus leitores um mundo complexo e muito interessante. Recomendo.
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