Apesar de estar de volta ao seu tempo, Jacob está mais perdido do que nunca. A maior parte dos seus amigos foram levados pelos Errantes e ele, Emma e Addison ficaram para trás em muito mau estado - e apenas com um monstro controlado a custo como possível fonte de auxílio. Mas desistir não é opção - não quando não fazem a mínima ideia do que pode estar a ser feito aos seus amigos. A única opção é seguir as poucas pistas disponíveis, ao mesmo tempo que tentam evitar serem também capturados. Mas, quando o rasto dos amigos perdidos os leva direitos ao centro da actividade Errante, a opção de resgate e fuga torna-se ainda menos viável. Precisam de lutar. E, para isso, precisam de toda a ajuda que conseguirem encontrar - mesmo que esta lhes pareça... duvidosa.
Volume final de uma história cheia de aventuras... peculiares, este é o livro onde todas as respostas finalmente se encontram. Mas desde muito cedo se torna claro (como, acontecera, aliás nos volumes anteriores) que essas respostas não serão nem fáceis nem óbvias. A história deste último livro tem tantas surpresas e reviravoltas como os anteriores, às quais se junta o facto de tudo ser ainda mais intenso. Porquê? Porque, agora que tudo se encaminha para um fim inevitável, todas as decisões implicam um risco maior e consequências potencialmente mais terríveis. E isto faz com que cada momento da história, seja um grande confronto ou um pequeno intervalo de alívio, ganhe toda uma nova dimensão.
Todo o enredo é uma grande sequência de revelações: sobre os objectivos do inimigo, sobre a natureza dos peculiares, sobre personagens que não são bem o que parecem e possibilidades cujas consequências era impossível prever. E assim há em toda a história uma intensidade quase viciante, que cativa desde os primeiros momentos e não larga até ao fim. Fim esse que deixa sensações também peculiares, pois, por um lado, parece um pouco ingrato para com o percurso do protagonista, mas, por outro, ajusta-se perfeitamente às complexidades da sua natureza dupla.
O que me leva a outro aspecto que, presente já nos livros anteriores, atinge aqui um novo auge: o lado emocional da história. Se é certo que os afectos em desenvolvimento e amizades profundas dão origem a grandes momentos de emoção, também o é que o mesmo acontece com outras facetas do enredo. Desde logo, o percurso de Jacob, com todo o crescimento por ele vivido e a forma como as suas duas facetas (o normal e o peculiar) se conjugam. Mas também com as traições inesperadas, os pequenos momentos de ternura, os segredos que se tornam vergonha e depois revelação. Em tudo, há potencial para emoções fortes, sejam de empatia ou de aversão. E é isso, acima de tudo, que fica na memória depois de terminada a leitura.
Tudo isto converge num equilíbrio delicado, para o qual contribuem também as muitas fotografias que complementam o texto. E a soma das partes é simples e maravilhosa: uma história intensa, cheia de surpresas e de emoções, que corresponde e supera as expectativas geradas pelos passos anteriores desta aventura. Muito, muito bom.
Título: Biblioteca de Almas
Autor: Ransom Riggs
Origem: Recebido para crítica
Sem comentários:
Enviar um comentário