O mundo mudou com a chegada ao poder de um tirano de recursos e influência quase ilimitados. E, fulminante na sua capacidade de acção, pouco espaço deixou aos que lhe queriam fazer frente. Ainda assim, nem toda a liberdade morreu, pois um grupo de cientistas rebeldes conseguiu destruir a tecnologia que permitiria ao ditador dominar as colónias espaciais. E ainda há rebeldes na Terra. Mira e Lora, cientista e guardiã, são dois dos elementos mais importantes do grupo rebelde, desempenhando perigosas missões de resgate ao mesmo tempo que guardam o vasto conhecimento de Mira enquanto engenheira espacial. Mas, ainda que a família seja sempre o mais importante, a tentativa de resgatar os irmãos de ambas traz perigos inesperados - e as perdas podem vir a ser incalculáveis.
Início do que promete ser uma série maior e de uma aventura onde a acção parece apenas ter começado, este é um primeiro livro de grandes forças e grandes fragilidades. Forças que se podem definir do mais simples dos modos: forma e conteúdo. Pois, se há um grande potencial a nível de enredo e um desenrolar de acontecimentos que deixa em aberto muita curiosidade em saber o que virá a seguir, já em termos de escrita, há vulnerabilidades que são difíceis de ignorar.
E é precisamente por aqui que importa começar, pois desde muito cedo se torna evidente que uma revisão atenta teria feito maravilhas por este livro. Há uma fluidez de pensamento que se consegue pressentir no texto, mas que acaba por se perder no ritmo algo vacilante a que as coisas são narradas. E, mais importante ainda, no excesso de vírgulas e ocasionais erros ortográficos que quebram completamente o ritmo da leitura. O que é pena, claro, porque nas bases da história há muito potencial - quer no que é contado, quer nas possibilidades que ficam em aberto.
Mas passando à história e às personagens. Não se pode dizer que seja um enredo perfeito, já que há muito que fica por explicar e a posição de algumas das personagens parece ser também um pouco ambígua. Ainda assim, é fácil entender a posição de um grupo de rebeldes que luta pela liberdade e, ao longo do caminho, há muitos momentos intensos, cativantes e divertidos, bem como um potencial mais vasto que, devidamente explorado, tem tudo para dar origem a uma grande história. Além disso, e uma vez assimiladas as vulnerabilidades do texto e apanhado o ritmo da narrativa, a história começa a tornar-se empolgante, já que a acção constante e as reviravoltas mais inesperadas acabam por alimentar a curiosidade em saber o que vem depois.
O que fica são, portanto, sentimentos ambíguos, pois, por um lado, as fragilidades são claras, mas, por outro, estas não são impeditivo de apreciar os pontos bons da história. E, num enredo em que as personagens cativam aos poucos, fica também uma estranha e agradável vontade de saber o mais cedo possível de que forma poderá evoluir esta história em volumes futuros. Porque o potencial está lá e a capacidade de prender também.
Não é perfeito, não - e havia espaço para grandes melhorias. Ainda assim, fica uma impressão positiva: a de uma história e de um contexto cativantes e com muito potencial de evolução. Interessante, portanto.
Título: Conquista da Liberdade
Autora: Jay Luís
Origem: Recebido para crítica
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