Jessica Thomas está sozinha contra o mundo. O marido deixou-a e em nada contribui para ajudar os filhos. O trabalho como empregada de limpeza mal dá para pagar as contas ao fim do mês. E quanto aos filhos, Tanzie e Nicky, o facto de serem um pouco diferentes - Nicky, tímido e reservado; Tanzie, dotada, mas sem recursos para desabrochar - faz com que se tornem alvo de perseguições. E agora, a única esperança de conseguir algo de melhor para pelo menos um deles é levar Tanzie a uma olimpíada de matemática na Escócia. Parece impossível, mas, quando menos esperam, Ed Nicholls entra na vida de Jess. Rico e aparentemente bem-sucedido, Ed está no limiar de perder tudo o que construiu, e mais confusão é a última coisa de que precisa. Mas, ciente de como é estar-se perdido em pleno mundo, Ed sente uma necessidade inexplicável dos ajudar. E assim começa uma viagem confusa... mas capaz de mudar as vidas de todos eles.
Um dos aspectos mais cativantes nos livros desta autora - e este não é excepção - é como tudo começa de forma aparentemente leve, com uns quantos mal entendidos e episódios caricatos, para depois abrir caminho a sentimentos muito mais fortes e a uma visão bastante mais profunda e marcante dos obstáculos da vida. É precisamente isto que acontece neste livro. De início, são mais as situações bizarras, as discussões ligeiramente estranhas, as decisões tomadas por impulso que proporcionam momentos embaraçosos e divertidos. E depois tudo se torna mais sério, à medida que os problemas se tornam mais palpáveis e o impacto mais avassalador. Facilmente se passa do riso às lágrimas. E uma coisa é certa: nunca se fica indiferente.
E, se a história em si tem mais que matéria suficiente para despertar emoções fortes, a construção das personagens potencia ainda mais este impacto. De certa forma, acontece o mesmo que com o enredo. De início, parecem sobressair alguns defeitos, talvez devido à estranheza dos momentos. Mas as qualidades começam depois a emergir e com elas uma empatia cada vez mais forte. Jess é, no fundo, uma mulher desesperada e, por isso, especialmente vulnerável. Mas é também uma mãe feroz, disposta a ir até às últimas consequências se for isso que é preciso para dar uma oportunidade aos filhos. Já Ed... bem, Ed é um homem com o coração no sítio certo, mas marcado por um passado de desilusões com os outros e de pouca valorização quanto a si mesmo. No fundo, são ambos fortes, mas vulneráveis. E é essa sua falibilidade, essa evidente humanidade, que faz deste percurso algo tão marcante: pois o que é a vida senão bater no fundo e voltar a tentar subir, uma e outra vez?
E depois há pequenas grandes questões - e, bem, questões realmente grandes - a emergir da história. A importância de reconhecer os erros e aprender com eles, a superação do passado, a necessidade de reconhecer, num mundo por vezes cruel, a bondade de estranhos, o valor da família, a imperfeição humana... Tudo isto está presente, de alguma forma, neste livro. E a forma como a autora os faz surgir - em actos, mais do que em palavras - realça muito bem a sua importância.
Divertido e comovente, cativante e enternecedor. Repleto de momentos marcantes e com uma história tão forte como as personagens que a povoam. É esta, no fundo, a soma deste Um Mais Um - A Fórmula da Felicidade. E o resultado é muito, muito bom.
Autora: Jojo Moyes
Origem: Recebido para crítica
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