Quando partiu em viagem para conhecer novos lugares, Clara não estava à espera de conhecer o amor da sua vida. Mas tudo mudou num instante e, quase sem dar por isso, Clara constrói a sua felicidade em função do amor que acabou de descobrir, começando, aos poucos, mas com firmeza, a partilhar a sua vida com André. Só que nada na vida é eterno e, com alguns assuntos inacabados no passado e toda a sua confiança depositada apenas no seu amor, quando o seu mundo desaba, Clara não sabe para onde se virar. A tristeza parece insuportável e recuperar como que uma traição. Mas a verdade é que a vida continua sempre - e, mais cedo ou mais tarde, Clara terá de se encontrar.
Há, talvez, um aspecto menos bom nesta história que se evidencia logo desde o início e que, por isso, deverá ser o primeiro a ter em conta: a relativa brevidade da história, que faz com que partes do enredo pareçam ser demasiado apressadas e com que fique a sensação de que muito mais haveria para explorar. Tudo é contado de forma muito sucinta e a grande paixão de Clara e André acaba por ser contada demasiado rapidamente, deixando a inevitável ideia de que os momentos partilhados poderiam ser muito mais desenvolvidos. O resultado é que nem sempre é fácil sentir empatia, até porque há vários momentos drásticos, mas a proximidade que permitiu que acontecessem parece ficar, às vezes, subentendida.
E comecei por aqui por uma razão muito simples: é que há todo um grande potencial nesta história, que, embora, a espaços, pareça um pouco previsível, talvez também devido à tal brevidade, contém uma mensagem muito interessante e um amplo espectro de intensidade emocional. No caminho de Clara, há descobertas, paixões, sofrimentos, recuperações - enfim, uma vastidão tão grande como a vida. E isto é particularmente interessante porque, mesmo quando não é difícil adivinhar o que acontece a seguir, continua viva a vontade de continuar a ler. Há na vida de Clara um caminho cativante e, pese embora o que é deixado por contar, não deixa de ser agradável acompanhá-lo.
Ficam também algumas perguntas sem resposta relativamente à forma como a história termina, já que, sendo o percurso de Clara feito de tantas reviravoltas, haveria inevitavelmente mais histórias para contar a partir do fim da história. Ainda assim, e contrariamente ao percurso anterior, em que as perguntas sem resposta sobre o desenvolvimento das personagens deixam alguma curiosidade insatisfeita, a conclusão algo aberta faz um certo sentido. Clara seguiu um caminho de perdas e superações, e agora é tempo de abrir outra porta. O que está do outro lado? Bem, isso já seria outra história.
Tudo somado, a impressão que fica é a de uma história que podia ter sido bastante mais desenvolvida, mas que, ainda assim, consegue cativar com a sua agradável mistura de experiências pessoais e emoções universais. Havia mais a dizer? Certamente. Mas basta aquilo que está para ter valido a pena acompanhar esta breve jornada.
Título: Buganvílias
Autora: Marina Segala
Origem: Recebido para crítica
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