Quando um deslizamento de terras na sequência de uma tempestade revela o cadáver de uma mulher, a detective Jessica Allen é chamada ao local - e não tarda a perceber que há muito mais para além daquela mulher morta. Rapidamente se descobrem dois outros cadáveres e um modus operandi que aponta para um assassino experiente e astuto. As pistas são muito poucas e a maioria parece levar a becos sem saída. Mas há outros interessados no caso do Samaritano e, quando a notícia chega a Carter Blake, este sabe que não pode simplesmente ficar de lado. Há algo do seu passado escondido naqueles crimes - e a certeza de que talvez ele seja o único que o pode travar. Mas interferir é sempre perigoso, e ainda mais quando se tem um passado como o de Blake...
Narrado em parte na terceira pessoa pela voz de Blake e em parte na terceira do ponto de vista de outras personagens, este é um livro que conjuga na medida certa a proximidade despertada por conhecer os pensamentos de algumas personagens e o mistério provocado por aqueles que não conhecemos. Além disso, se Carter Blake já é uma figura conhecida do anterior O Caçador, a grande maioria das restantes personagens são completamente novas, o que realça também este equilíbrio entre o novo e o familiar. Mas o que realmente marca neste segundo livro é a forma como o passado parece aproximar-se aos poucos, criando situações mais delicadas, mesmo não sendo o foco central da história.
Porque o Samaritano pode estar relacionado com Blake, mas as grandes questões do passado continuam envoltas em mistério. Mas é aqui que surge um dos aspectos mais curiosos deste livro: é que o caso em si tem tanto de interessante e de intenso e de surpreendente que nunca o que é deixado por dizer deixa a sensação de história incompleta. Além do mais, a série continua e esta presença discreta, mas pesada, do passado serve também para reforçar a certeza de que grandes - e duras - respostas virão. E, assim, também a vontade de continuar a acompanhar a série.
Mas, voltando ao caso e às personagens que o povoam, é certo que a ligações com o livro anterior (e provavelmente com os seguintes), mas o enredo principal tem princípio, meio e fim. Ora, isto tem duas vantagens: primeiro, é perfeitamente possível ler e apreciar este livro sem ter lido o anterior (ainda que valha muito a pena acompanhar Blake desde o início). E segundo, é possível conhecer o protagonista da série de uma forma gradual e que realça a sua faceta de indivíduo misterioso e de passado sombrio, ao mesmo tempo que outras figuras igualmente cativante e surpreendentes assumem, consoante o momento, o seu devido protagonismo. Carter Blake é Carter Blake, claro. Mas Allen, Mazzucco, até o próprio Samaritano são também figuras complexas e muito bem construídas, e isso é uma parte crucial do que torna a história tão viciante.
Tudo somado, fica a melhor das impressões: a de um segundo volume que corresponde inteiramente às expectativas, elevando-as ainda mais para os livros que se seguirão. Intenso, viciante e cheio de surpresas, um livro que prende da primeira à última página. Muito bom.
Título: O Samaritano
Autor: Mason Cross
Origem: Recebido para crítica
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