Jessica Jones está metida em sarilhos... outra vez. Acabada de sair da prisão, só quer regressar a uma relativa normalidade... pelo menos enquanto se conseguir manter longe do seu poderoso marido. É isso, aliás, que a leva a aceitar um caso, que, embora de contornos bizarros, não lhe parece muito preocupante. Só que não é bem assim. E quando a sua cliente aparece morta por culpa do homem que ela devia vigiar, Jessica começa a questionar muitas coisas. Inclusive o seu novo papel entre os muitos em seu redor que têm poderes.
Uma das primeiras coisas a sobressair neste volume, e algo que também já vinha, em certa medida, das anteriores histórias de Jessica, é a forma como uma personagem tão imperfeita e vulnerável consegue dar uma protagonista tão carismática. Talvez o motivo venha da própria imperfeição: num mundo onde o que não falta são super-heróis, ver uma protagonista que, apesar de ter também os seus poderes, têm uma vida tão ou mais lixada do que qualquer humano normal desperta uma estranha e fascinante empatia. É como se se criasse um ponto em comum num mundo onde tudo é tão diferente.
Também a história em si tem este mesmo impacto, com o seu lado sombrio a contrastar com o mundo cheio de cor e de fatiotas deslumbrantes dos super-heróis. Jessica pode ter ligações profundas aos Vingadores, ligações essas capazes de a colocar numa posição privilegiada (e perigosa) para certos planos, mas tem também uma fragilidade profunda, que se torna cada vez mais evidente à medida que, da estranheza inicial, a história evolui para novas e explosivas revelações. À profissão, juntam-se os segredos que guarda e as complexidades de uma vida familiar delicada, o que faz com que haja sempre algo de relevante - e intenso - a acontecer, bem como a promessa de ainda muito mais de bom para os volumes seguintes.
E, claro, isto transparece em todos os aspectos, desde os diálogos mais furiosos a um arte que reflecte na perfeição tanto o movimento das sequências de acção como a serenidade (ou o vazio) dos momentos de introspecção. Além do inevitável contraste que resulta da fusão de uma história de super-heróis (com as já mencionadas fatiotas coloridas) com uma protagonista com laivos de detective noir.
Fica, pois, a habitual impressão marcante das aventuras de Jessica Jones: uma história intensa, equilibrada, cheia de surpresas... e muito, muito viciante. Vale muito a pena conhecer esta personagem - e provavelmente também todas as outras que cruzam o seu caminho. Recomendo.
Autores: Brian Michael Bendis, Michael Gaydos e Matt Hollingsworth
Origem: Recebido para crítica
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