Véspera de Natal. Um homem caminha pelas ruas da cidade, completamente nu e com uma cabeça nas mãos. Ao horror inicial, segue-se uma reacção rápida e o homem é detido e levado para uma instituição psiquiátrica, onde o Dr. Jenkins deverá avaliar se se trata de um louco ou de um assassino implacável. Mas cedo se torna evidente que o caso tem contornos estranhos. O misterioso homem, após um silêncio inicial, começa a falar por enigmas ao contactar com Stella Hyden, a agente do FBI encarregada de auxiliar o Dr. Jenkins. E a história dele começa a entrelaçar-se com outro tipo de pistas e o passado dos próprios investigadores. Tudo converge para Salt Lake... onde, há muito tempo, algo de perigoso e cruel começou a ganhar forma.
Oscilando entre vários pontos de vista e diferentes momentos da linha temporal, este livro tem na aura de mistério que tudo envolve o seu principal ponto forte. Desde o homem que se passeia com uma cabeça na mão às inocentes férias em Salt Lake que tudo desencadearam, há, para cada momento e para cada personagem, um enigma há espera de ser desvendado. É, pois, intensa a vontade que se gera de saber o que acontece a seguir, e vai crescendo à medida que também o enredo se intensifica.
Também particularmente intrigante é o facto de todas as personagens serem tudo menos perfeita. O presumível assassino esconde uma natureza bastante distinta da que aparenta e a sua história passada faz dele uma personagem surpreendentemente complexa. Mas o mesmo se aplica também aos outros, desde a desaparecida Amanda à estranhamente louca Laura, passando, claro, pelo irascível Dr. Jenkins e pelo atormentado Steven. Todas as personagens servem um propósito e são também muito bem construídas. E, à medida que a verdadeira dimensão dos acontecimentos começa a vir à tona, também o impacto desta construção se torna mais evidente.
E eis que chegamos ao fim e as peças do puzzle começam a encaixar. Não todas, é certo, o que deixa uma certa curiosidade insatisfeita a pairar, mas também a possibilidade de vir a existir uma sequela, mas as essenciais. O que aconteceu a Amanda torna-se claro, tal como o porquê do passeio na rua com uma cabeça nas mãos. E todas as explicações são inesperadas, ainda que não necessariamente completas, o que faz com que, no geral, o final esteja à altura das expectativas.
Tudo somado, fica a impressão de uma leitura enigmática e viciante, com personagens fascinantes e um mistério que, embora ainda não tenha sido completamente desvendado, prende do início ao fim e nunca deixa de surpreender. Uma boa história, em suma, e uma leitura muito cativante.
Título: O Dia em que Perdemos a Cabeça
Autor: Javier Castillo
Origem: Recebido para crítica
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