Quando, poucas horas após tê-lo deixado numa festa com os amigos, o filho adoptivo lhe liga a dizer que a festa foi invadida por um grupo de jovens violentos, Louise percebe imediatamente que algo de grave se passa, mas está longe de imaginar as ramificações da situação. Além da violência dos rapazes, que deixaram a mãe da aniversariante em muito mau estado, o caos da perseguição fez com que a pequena Signe acabasse por ser mortalmente atropelada. A polícia está a investigar o caso, mas dois dos agressores acabam por encontrar um fim prematuro no incêndio da arrecadação onde costumavam reunir-se. É então que, de vítima, Britt Fasting-Thomsen passa a principal suspeita. E caberá a Louise seguir as pistas e provar a sua inocência. Se puder.
Misturando o choque de um caso central onde dominam violência e morte com uma outra linha mais ambígua e intrincada, envolvendo negócios obscuros, manipulações fiscais e, claro, a ameaça de grupos organizados, este é um livro que cativa principalmente pela forma como consegue conjugar múltiplas facetas sem tornar o enredo demasiado confuso. Além dos dois casos principais, e dos pontos de convergência que vão sendo revelados, há também espaço para desenvolvimentos pessoais, tanto no percurso de Louise como também no de Camilla. Será, por isso, importante ter lido o volume anterior, já que, embora essencialmente independente, a história ganha outro impacto conhecendo a história pessoal das personagens.
Também nos casos em investigação há duas facetas aparentemente distintas: uma coisa é o caso do ataque à festa, com tudo o que veio depois; outra é o da morte de Nick Hartmann, com os seus negócios obscuros e ligações a grupos motards. Um rapidamente ganha contornos pessoais, o outro parece abranger uma organização mais vasta. Mas há, embora inicialmente não pareça, vários pontos em comum e a forma como estas duas histórias começam a entrelaçar-se confere à leitura um crescendo de intensidade que faz com que o início pausado evolua para algo bastante mais viciante.
Mas é nas personagens que estão os aspectos mais marcantes, principalmente para quem já leu o volume anterior. A relação de Louise com Jonas, e a situação delicada em que se encontram, serve de base a um dos momentos mais marcantes do percurso pessoal de Louise. E quanto a Camilla, além de acabar involuntariamente na pista de um intrigante mistério - promessa já, talvez, do que se seguirá - o seu percurso é todo um tratado sobre regeneração. Gradual, discreto, talvez ainda um pouco ambíguo, mas particularmente notável tendo em conta a forma como este livro termina.
Trata-se, pois, de uma história que arranca de forma um pouco lenta, para depois surpreender com o crescendo de intensidade e a sucessão de revelações que apresenta a cada novo desenvolvimento. Cativante, surpreendente e com um núcleo de personagens sempre notável, uma boa leitura... e uma autora para continuar a acompanhar.
Título: A Deusa da Vingança
Autora: Sara Blædel
Origem: Recebido para crítica
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