A fim de provar a existência de um vida depois da morte, o autor depositou no caixão do pai quatro objectos e uma mensagem, para depois realizar um teste. Comunicando através de seis médiuns diferentes, esperava obter a confirmação de quais seriam esses objectos, algo que só ele e o pai podiam saber. É esse o ponto de partida e o tema central deste livro: a entrevista com os diferentes médiuns e as respostas que obteve. E o resultado do teste... bem, é, no mínimo, interessante.
Provavelmente este livro deixará impressões muito diferentes em quem partir para a leitura com uma certa medida de crença ou com uma boa dose de cepticismo. Afinal, basta a premissa para perceber que, sendo um teste feito por alguém pessoalmente envolvido e de impossível repetição, será sempre possível levantar algumas dúvidas. Ainda assim, e independentemente da crença ou falta dela, não deixa de ser uma leitura interessante, não só pelo muito que desvenda sobre o mundo e a visão dos médiuns, mas também pela história pessoal e familiar do autor.
Também particularmente interessante é a forma como o autor estrutura o livro em torno da entrevista com os seus médiuns, apresentando-lhes o mesmo teste, mas servindo-se também de cada experiência para aprofundar um elemento diferente. Fala do luto, do que poderá existir do outro lado, das formas de comunicação e de alegada cura e também dos percursos pessoais dos próprios médiuns. O resultado é que, embora sendo o cerne de toda a experiência, o teste acaba por passar, às vezes, para segundo plano, sendo o percurso, mais do que os resultados, o que realmente cativa.
É, ainda assim, um teste e é inevitável a pergunta: será assim tão decisiva esta prova da existência de uma vida depois da morte? Bem, depende do olhar de quem observa. Não é um resultado palpável nem linear. E, assim sendo, dependerá sempre da interpretação e das bases em que esta assenta. Não deixa, ainda assim, de ser uma perspectiva muito interessante sobre um tema difícil. Além, claro, de que é possível ser-se relativamente céptico e retirar, mesmo assim, algumas ideias importantes, nomeadamente no que diz respeito ao processo de luto.
Interessante será então a melhor palavra para descrever este livro que, com uma grande missão por base, tem a sua maior força no material para reflexão nele contido. O resto implicará, talvez, uma certa medida de fé. Mas as questões, essas, nunca deixam de ser relevantes. E isso basta.
Título: A Prova
Autor: Stéphane Allix
Origem: Recebido para crítica
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