sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

A Reciclagem de Jimmy (Andy Tilley)

Depois de uma estranha e bastante improvável tentativa de suicídio, e enquanto recupera da sua aventura, Jimmy conhece Kevin que, após algumas partidas e uma empatia quase instantânea, se virá a tornar no seu melhor amigo. É então que têm a ideia de criar um negócio para ajudar aqueles que se querem suicidar, mas não conseguem, aproveitando para filmar os seus últimos momentos. Mas também aqui nem tudo será perfeito.
O ponto mais forte deste livro é, sem dúvida, o humor negro. Com uma escrita despretensiosa e um cenário no mínimo invulgar, o autor transporta-nos para o desastrado mundo de Jimmy e reflecte sobre um tema que é, por natureza, sério e pesado, numa abordagem completamente diferente. Não é, contudo, uma forma de ridicularizar o suicídio, mas sim de nos fazer reflectir sobre o tema, inserindo-lhe momentos de leveza, ao mesmo tempo que espelha, através de cada circunstância, que perturbações e motivos poderão invadir a mente de alguém que decide morrer.
Este é um livro que talvez não cative desde a primeira página, até porque da descrição do suicídio de Jimmy ao momento em que lhe surge a ideia do negócio, existem alguns momentos um pouco mais parados. Depois, contudo, na forma como o autor mistura seriedade e divertimento, aumentando a importância das suas reflexões à medida que o enredo se aproxima do fim, damos por nós completamente viciados nesta leitura, à espera de saber o que Jimmy e Kevin inventarão a seguir e se será possível que um tão estranho negócio possa terminar bem.
Por último, uma nota muito positiva para a forma como a história se concluiu. Os capítulos finais são uma verdadeira surpresa e, depois de uma leitura que é, na sua quase totalidade, leve e divertida, o autor consegue surpreender-nos com um momento de tensão verdadeiramente comovente e que, involuntariamente, se marca nas nossas mentes, não só pela situação como pela mensagem.
A Reciclagem de Jimmy é um livro que poderá, talvez, desagradar aos leitores que vejam o assunto da morte como inevitavelmente sério e impossível de abordar correctamente numa visão mais humorística. A todos os outros, este é um livro que recomendo sem hesitar. Adorei.

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