quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Despertar do Adormecido (Alistair Morgan)

Quando John Wraith acorda para saber que a mulher e a filha morreram num acidente de viação em que era ele o condutor, os sentimentos que o invadem são demasiados para controlar. Vazio, culpa e a incapacidade de descobrir como poderá viver sem elas fazem com que, durante mais de um mês, John mergulhe num estado de total torpor. Quando a irmã lhe sugere, pois, que passe algum tempo numa casa em Nature's Valley para pôr as ideias em ordem, John aceita o convite, e será aí que a sua vida se cruzará com a de uma outra família perturbada pela tragédia.
A possibilidade de um acontecimento inesperado e de uma perda súbita é algo a que qualquer um está sujeito. Assim, este livro parte de um ponto com o qual, à partida, muitos leitores se poderão identificar. Aliado a uma escrita simples e a alguns momentos bastante comoventes, este é, sem dúvida, o ponto forte deste livro. Existe uma forte expressão quanto às emoções de John e, a partir do momento em que ele se cruza com Roelf e a sua família, as estranhas ligações que se estabelecem entre eles - com a tragédia comum, mas com tantas diferenças apesar disso - o enredo parece ganhar uma certa complexidade e a caracterização dos protagonistas aprofunda-se. Temos, em oposição, John, com a sua apatia e as suas fraquezas, e Roelf, aparentemente forte e convencido de que os desígnios dos céus tudo comandam. Por outro lado, a partir da família de Roelf desenvolve-se uma série de histórias secundárias bastante intrigantes.
E é aí que surge o problema. O autor é bastante sucinto nas suas descrições e desenvolvimentos e, ao centrar-se em John, algumas destas histórias acabam por perder relevo deixando várias questões por explicar. E é por isso que, apesar de ser no geral uma leitura interessante, fica, apesar de tudo, a sensação de que muito mais podia ser contado nesta história.
O Despertar do Adormecido é, pois, uma leitura rápida, de uma forma geral envolvente, podendo ser comovente e perturbadora nalguns momentos - nomeadamente na relação de John com a filha de Roelf. Pena que as histórias secundárias não tenham sido mais desenvolvidas, porque havia muito mais para saber.

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