segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A Ilha dos Encantos (Mary Nickson)

Foi em Vrahos que Victoria conheceu os melhores anos da sua vida. Na companhia de Guy, o primo temperamental, e de Richard, o amigo paciente e afável, Vicky construiu memórias perenes. Mas os anos passaram e, depois de anos de um casamento aparentemente feliz, tudo termina abruptamente quando um acidente de caça provoca a morte de Richard. Então, Victoria irá descobrir que o marido não era a pessoa que julgara conhecer e, ao refugiar-se no encanto da casa onde cresceu, acabará por descobrir não só uma nova paixão e a força necessária para viver, mas uma antiga e fascinante história relativa à sua avó.
É fácil deduzir a partir da sinopse que o romance será uma parte essencial desta história. A grande surpresa, contudo, está no facto de, apesar da evidente relevância das paixões ao longo do enredo, haver muito mais a explorar para além das relações. Primeiro a perda, agravada pela descoberta de que uma pessoa que acompanhara durante tanto tempo não era nada do que Victoria julgava. Depois, as intrigas por vezes revoltante da família mais próxima. E até mesmo os problemas que vão surgindo de uma relação que, apesar do seu lado idílico e da ternura com que nos é apresentada, tem também as suas complicações.
E há também a história do próprio Patrick, com um casamento à beira da ruína. Não é só a sua relação com Victoria que o torna interessante na linha dos acontecimentos. A obsessão doentia de Rachel e a sua constante necessidade de ser conduzida, ao mesmo tempo que ignora todos os avisos que lhe são feitos face a uma "amizade" claramente destrutiva, surge como a dificuldade necessária para criar uma compreensão quase imediata para com Patrick. E até a posição ambígua mas compreensível dos filhos perante um possível divórcio confere emotividade à história.
Ainda assim, o que mais me cativou neste livro que, apesar de um início algo confuso - provavelmente devido à quantidade de histórias que se cruzam ao longo da narrativa - e de um mistério bastante diferente do que esperava, se veio a revelar uma leitura bastante envolvente, foi a forma quase inocente com que certos aspectos do romance são apresentados. Tanto na história de amor perdido de Hugh e Evanthi como na construção do amor entre Victoria e Patrick, a relação parece, por vezes, platónica, mas, ainda assim, toda a intensidade dos sentimentos estão lá. E esse aspecto de profunda paixão, mas sem grande elaboração sexual, acaba por dar um toque de diferença (comparativamente a outros romances do género) a este livro.
Um livro cativante, ainda que, nalguns momentos, não seja difícil prever o rumo da história, e que, mais até que pelas personagens, tem nas belas descrições da casa e da ilha um grande ponto a favor. Envolvente e agradável, uma boa leitura.

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