domingo, 18 de junho de 2017

Filhas da Tempestade (Philippa Gregory)

Enquanto membro da misteriosa Ordem das Trevas, a missão de Luca Vero é procurar sinais do fim dos tempos, obter toda a informação relevante e transmiti-la ao seu enigmático superior. As ordens são sempre claras e invioláveis - mas o caminho nem sempre está livre de obstáculos. Enquanto viaja com os companheiros, toma conhecimento da existência de uma cruzada de crianças que viaja com destino a Jerusalém. E, ao ouvir as palavras do líder desta cruzada, Luca descobre-se também incapaz de ignorar o chamado. Mas a partida triunfal transforma-se em tragédia com a chegada de uma onda gigante que tudo destrói. E, de repente, Luca vê-se na necessidade de, mais uma vez, inquirir sobre o papel das suas companheiras - agora acusadas de terem desencadeado a tempestade...
Centrado acima de tudo em Luca e nos seus companheiros, mas acompanhando vários mistérios e possibilidades, este é um livro que tem a sua maior força na forma como as personagens são desenvolvidas. Luca, destinado a ver o pior do mundo sem vacilar, cativa, por um lado, pela determinação em cumprir o seu papel, mas principalmente pela vulnerabilidade. Isolde e Ishraq pelo contraste que existe entre ambas - a dama que vive segundo as regras e a serva que a todas questiona. Peter é o monge perfeito, estrito e de fé aparentemente inabalável, mas os seus rasgos de humanidade, quando surgem, nunca deixam de surpreender. E Freize... bem, Freize é a alma do lado mais leve desta história, com a sua natureza divertida e ligeiramente provocadora a acrescentar o toque certo de humor quando as coisas se tornam demasiado sérias.
Todas as personagens são interessantes, à sua maneira, mas são as relações que as unem aquilo que mais marca, sendo no rescaldo da grande onda que o melhor delas se revela. E é aqui que entra o factor que desperta sentimentos ambíguos. É que, apesar de acompanhar diversos "casos" - a cruzada, a onda, a chegada do misterioso Radu Bey - a impressão que fica é a de que este livro funciona, em grande parte, como transição para o que se seguirá. Todas as personagens avançaram, de alguma forma, e o que aconteceu é relevante. Mas as grandes perguntas, essas, ficam todas em aberto. Fica, por isso, uma certa curiosidade insatisfeita, mas também muita vontade de saber o que acontece a seguir.
O que me leva a outro ponto que é importante destacar. Ainda que os casos tenham um papel relevante no enredo, é, muitas vezes, nas pequenas pistas que se encontram os sinais mais importantes. E a forma como a autora equilibra estas duas facetas do enredo - fazendo com que aconteçam coisas importantes, mas como que insinuando que o melhor ainda está para vir - cria grandes expectativas para o que poderá vir depois. Não só quanto à busca dos tais sinais do fim dos tempos, mas principalmente quanto aos segredos e às verdadeiras motivações que algumas das personagens parecem teimar em esconder. 
Cativante, repleto de personagens marcantes e com uma história que, apesar das tais perguntas sem resposta, facilmente se torna memorável, a impressão que fica é, portanto, a de um volume de transição numa aventura que promete ser ainda cheia de grandes surpresas. E de um avanço que, mesmo com tudo o que é deixado em aberto, traz para mais perto a natureza das personagens e aquilo que elas têm de mais fascinante. Uma boa história, portanto, e que deixa muito boas expectativas para o que dela falta contar. 

Título: Filhas da Tempestade
Autora: Philippa Gregory
Origem: Aquisição pessoal

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