quinta-feira, 22 de março de 2018

A Conspiração da Senhora Parrish (Liv Constantine)

Amber Patterson só quer a vida que merece. Ou pelo menos é isso que pensa quando decide aproximar-se de Daphne Parrish, casada com um homem rico e poderoso... que ela pretende roubar para si. Amber não tem problemas de consciência, nem com o que está a fazer à sua suposta amiga nem com as mentiras que contou para chegar a essa posição. O que ela tem é um passado que ameaça alcançá-la quando ela menos esperar. E Daphne poder parecer uma ingénua, mas a verdade é sempre mais complexa do que aparenta... e o casamento perfeito esconde uma sombra mais negra.
Cheio de surpresas: eis uma boa forma de começar a descrever este livro onde nem as personagens são o que parecem ser nem o enredo se encaminha para as soluções mais previsíveis. Ao longo desta história, que acompanha Amber e Daphne numa fase bastante delicada das suas vidas, há todo um entrelaçado de enigmas e de revelações. E, a cada reviravolta, surgem novas possibilidades, num enredo onde tudo pode mudar de um instante para o outro e que, por isso, facilmente se torna viciante.
Também a alternância de perspectivas contribui para este efeito surpresa. De início, tudo parece encaminhar-se para a clássica história da mulher que decide dar o golpe e é o plano de Amber - e os seus segredos - a base que faz a história avançar. Mas é no ponto de vista de Daphne que a verdadeira dimensão da história se revela: os segredos tornam-se mais sombrios, as situações de tensão mais intensas, a ideia de perigo e de vulnerabilidade mais constante. E o enredo ganha uma nova dimensão, pois Amber e Daphne observam-se uma à outra, e assim também nós as vemos pelos olhos uma da outra. 
E depois há um impacto que transcende a história das personagens. Amber, Daphne e Jackson são personagens completas em si mesmas, mas há deles uma imagem mais ampla que pode transpor-se para uma perspectiva mais global: não existe tal coisa como o casamento perfeito e as aparências escondem, por vezes, segredos bastante sombrios. A história de Daphne podia ser a de muitas outras mulheres. E Amber... bem, Amber segue também uma linha relativamente clássica, com um certo toque de justiça poética que torna tudo ainda mais intenso.
Intenso, viciante e surpreendente, eis, pois, um livro que, não sendo particularmente gráfico, consegue ainda assim explorar com mestria alguns dos meandros mais negros da mente humana. Cativante desde as primeiras páginas e cheio de surpresas ao longo de todo o caminho, um livro que não posso deixar de recomendar. Muito bom.

Autora: Liv Constantine
Origem: Recebido para crítica

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