domingo, 20 de maio de 2018

Marcada para Morrer (Peter James)

Tudo começou com um grito ao telefone e um possível rapto que poderia ter outras explicações. Mas, desde o momento em que é chamado a tomar conta da situação, Roy Grace tem o pressentimento de que o caso é bastante mais grave do que parece. Como se não bastasse, foi descoberto um cadáver de há trinta anos numa obra e também esse caso levanta grandes suspeitas. Roy não tem mãos a medir. E, à medida que as horas passam e Logan não aparece, a gravidade da situação começa a tornar-se evidente. Principalmente quando começam a surgir indícios de que os dois casos podem estar relacionados.
Um dos primeiros aspectos que importa referir sobre este livro é que, apesar de pertencer a uma série bastante extensa, e de haver, de facto, referências a acontecimentos anteriores, é perfeitamente possível acompanhar todos os pormenores da leitura sem qualquer conhecimento dos volumes anteriores. O caso central é perfeitamente independente e, quanto aos percursos pessoais das personagens, todos os elementos do passado surgem devidamente contextualizados. O resultado é uma história que se sustenta por si mesma, conhecendo ou não as personagens de outras leituras.
Outra grande qualidade, possivelmente a principal, é o ritmo viciante do enredo. Os capítulos curtos e a oscilação entre diferentes pontos de vista, bem como a aura de mistério que parece rodear todos os acontecimentos e o clima de tensão associado à investigação tornam praticamente irresistível a vontade de ler mais um - ou vários - capítulos só para saber o que acontece a seguir. Além disso, e embora o caso seja, de facto, o centro da narrativa, os elementos pessoais, sejam eles de perdas passadas ou da simples relação de camaradagem, amizade ou amor entre diferentes personagem, acrescentam laivos de amor e de emoção que tornam tudo ainda mais intenso.
E há ainda uma outra surpresa. Sendo o mistério em si cheio de revelações, é apenas expectável que haja grandes reviravoltas no percurso - e também no que toca à imprevisibilidade este livro não desilude. Pode não ser difícil encontrar um suspeito plausível, mas a forma como as coisas evoluem é sempre surpreendente. E o final... bem, esse é completamente inesperado, não só pela forma como tudo termina, mas principalmente pelo delicado equilíbrio entre a resolução alcançada e as possibilidades futuras.
Por último, importa falar das personagens - e de Roy Grace, em particular. Investigador competente, moldado pelas experiências passadas e com uma vida pessoal que parece estar agora a desabrochar, é o tipo de personagem que desperta empatia sem se tornar demasiado perfeita. Muito pelo contrário. É também a falibilidade de Roy que o torna tão cativante, já que há no seu percurso pessoal (mais uma vez, passado e futuro) toda uma vastidão de potencial para descobrir.
Viciante será, portanto, uma boa palavra para descrever este livro, cheio de surpresa e mistério. Intenso, enigmático e tão cativante pela escrita como pelo enredo e pelas personagens que o povoam, prende desde as primeiras páginas e não deixa de surpreender até ao fim. Para devorar, em suma... e, no fim, para aguardar com expectativa o muito de bom que se poderá seguir. Recomendo.

Autor: Peter James
Origem: Recebido para crítica

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