quarta-feira, 1 de agosto de 2018

O Homem que Não Ligou (Rosie Walsh)

Durante sete dias, Sarah julgou ter encontrado o amor da sua vida. Um encontro casual fez com que Sarah e Eddie David acabassem por partilhar sete dias de paixão recíproca e de esperanças para o futuro. Mas, esgotado o tempo e chegada a hora da separação, tudo acabou. Eddie devia ter-lhe ligado, mas não ligou, e embora todos os seus amigos julguem ser algo que acontece e que Sarah tem de ultrapassar, no fundo, ela sente que algo terrível aconteceu. E está certa, ainda que não da forma que imagina. Pois, tal como ela, Eddie tem um grande fantasma no seu passado - um fantasma que não lhe permite prosseguir com aquela relação.
Tendo como ponto de partida uma relação a desabrochar, mas expandindo-se para todo um conjunto de possibilidades misteriosas e segredos do passado, este é um livro cheio de surpresas. O que começa por ser uma história de abandono rapidamente evolui para um possível mistério e depois para algo mais intenso à medida que o passado vem à tona. E, durante este percurso, nada é fácil, tudo é inesperado e as emoções são uma constante, não só pelas dificuldades no percurso dos protagonistas, mas também pela forma como a autora transmite estes dilemas e dificuldades ao leitor.
Não há personagens perfeitas. Eddie e Sarah têm cada um os seus fantasmas e os seus erros, e isso desde cedo se torna evidente. Mas o que surge aos poucos é a forma como estes fantasmas estão relacionados, bem como a influência que têm em todo o seu percurso, passado e presente. E assim a autora prolonga o mistério, insinuando possibilidades para depois apresentar uma resposta bem diferente, se nunca perder de vista o essencial: a ligação profunda que nasceu em poucos dias e que é a força motriz por trás de tudo o resto.
E é desta mistura de amor e imperfeição - de dúvidas, inseguranças, esperanças futuras e fantasmas passados - que nasce o tão grande impacto emocional da história. É fácil sentir empatia com Sarah na sua busca incessante, tal como é fácil, quando as respostas surgem, compreender as motivações de Eddie. É fácil até entender o porquê de certos comportamentos negativos de algumas personagens. Porque tudo deixa marcas e a forma como essas marcas se manifestam e algo de profundamente notável - tanto pelo que representa como pela forma como é contada. 
No fim, tudo converge para um final tão intenso como comovente. E é essa a marca maior que fica deste livro: uma história emotiva, feita de grandes perdas e de maior superação, em que o amor tudo conquista... até mesmo o passado. Recomendo.

Autora: Rosie Walsh
Origem: Recebido para crítica

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