terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Viagens (The Lisbon Studio)

Viajar é algo que pode ser feito de muitas formas. No espaço, no tempo, no pensamento, nas memórias... e, claro, nas páginas de um livro como este, em que cada história é, à sua maneira, uma viagem por histórias e também por estilos. Há viagens que são monótonas, outras que são fascinantes e outras ainda repletas de perigo. E é de viagens que estas páginas são feitas... e é nelas que somos convidados a embarcar.
Um dos aspectos mais interessantes deste livro, e comum a todas as antologias desta série, é a capacidade de fazer convergir diversidade em torno do mesmo tema. Neste caso, todas as histórias giram em torno da temática das viagens, mas viagens é um tema muito vasto e cada história assume uma identidade diferente. Há histórias silenciosas (ou, melhor dizendo, em que só a arte fala) e outras em que é o diálogo que conta a história. Há histórias introspectivas, em que a viagem é como que um passar da vida, e outras de pura acção. Há traços complexos e cenários detalhados e outros resumidos à pura simplicidade. E cada história é um todo, mas juntas formam um todo mais vasto na sua confluência.
Claro que, sendo uma antologia de diferentes histórias e diferentes estilos (e, sim, estou a repetir-me), é apenas natural que haja algumas que deixam um impacto mais forte e outras que não impressionam tanto. Mas todas têm o essencial para proporcionar uma boa leitura e um belíssimo efeito secundário (ou principal) desta diversidade é que é bem possível que leitores diferentes se vejam cativados por histórias diferentes. O que significa que acaba por haver um pouco de tudo para todos.
Mas importa ainda voltar um pouco à diversidade para realçar outro ponto: é que, ao abranger diferentes tipos de viagens, estas histórias formam um todo mais completo. Há uma peculiar viagem no tempo, uma viagem a um mundo alternativo, uma viagem pelo quotidiano (com as saudades da distância associadas) e até uma viagem... ao outro lado da vida. Vistas no seu conjunto, estas histórias parecem abranger todos os sentidos da palavra viajar, o que é também um bom sinal da coesão desta antologia.
Eis, pois, uma leitura que é também uma viagem - como é, aliás, natural que um livro seja. E uma viagem abrangente, diversa e simples quanto baste, mas cheia (mais uma vez) de histórias e estilos para descobrir.

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