sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Encontro com a Morte (Didier Quella-Guyot e Marek)

Entre os frequentadores de um luxuoso hotel de Jerusalém, a Sra. Boynton causa uma impressão no mínimo memorável, com o seu ar severo e a forma autoritária como se impõe aos filhos. Mas não é de todo o único acontecimento memorável a ter lugar no hotel. Hercule Poirot ouve uma conversa intrigante, que parece ser o início de um plano para matar alguém, e embora não entenda ainda do que se trata, as palavras e a voz ficam-lhe gravadas na memória. E não tardam a adquirir um novo significado. Durante uma visita a Petra, a insuportável Sra. Boynton morre subitamente do que parece ser um problema cardíaco. Mas só à primeira vista. Há certamente uma explicação mais sinistra para o sucedido. E os principais suspeitos são óbvios...
Algo que importa sempre referir sobre esta coleção de adaptações é a capacidade de cativar tanto quem já conhece a história como quem não faz dela a mais mínima ideia. Neste caso, sem qualquer conhecimento do romance original, cedo se torna evidente que, embora a adaptação relativamente breve possa parecer avançar a um ritmo ligeiramente apressado, não falta nada de essencial à história. O mistério está presente, tal como as tensões entre as personagens antes e depois do crime, bem como o sempre singular método de investigação de Hercule Poirot. E assim, nas suas cerca de sessenta páginas, o que surge é uma história relativamente breve, mas com todos os elementos cruciais e uma grande capacidade de surpreender.
Além dos desenvolvimentos propriamente ditos, que, como habitual, caminham para uma resolução que nunca é a mais esperada, existem dois elementos a destacar. O primeiro é o equilíbrio entre o texto e as imagens. Há uma boa quantidade de diálogos, o que é, de certo modo, inevitável, tendo em conta o rumo da história e os métodos do protagonista, mas sempre complementada por imagens expressivas, personagens bem caracterizadas e cenários amplos e apelativos. O segundo tem precisamente a ver com os cenários e como a cor parece evocar com precisão o ambiente em que o enredo decorre. É, aliás, algo inesperada a intensa luminosidade das imagens no que é, afinal, de contas, uma história de homicídio. Mas, se tivermos em conta o local onde tudo acontece, essas cores fazem todo o sentido.
Tudo somado, fica a impressão de uma leitura breve, mas sempre cativante e surpreendente. Uma boa forma de descobrir esta aventura de Poirot (para quem, como eu, ainda não a conhecia) ou de a reencontrar num formato diferente e muito interessante.

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