O Mestre da Sensibilidade (Augusto Cury)

"A minha alma está triste até à morte." Se, ao longo da sua vida, Jesus se mostrou como um homem seguro, generoso e forte nas suas convicções, perante a iminência da morte a tristeza torna-se mais intensa. E é esta súbita angústia, finalmente revelada, que serve de base a esta análise do pensamento e da inteligência de Jesus, não como filho de Deus, mas como ser humano, daí que o autor indique este livro como destinado a públicos de todas as religiões.

O mais interessante neste livro será, sem dúvida, a forma como o autor reflecte, através das várias circunstâncias contadas nos evangelhos, sobre a forma como a tristeza e a depressão ganham força em cada vida humana. Apresentando de forma sucinta, mas esclarecedora, os diferentes tipos de depressão e reacções depressivas, este livro serve como esclarecimento de algumas das formas de funcionamento da mente humana. Também a forma como o autor recorre a exemplos habituais para exemplificar as suas explicações lhes dá uma maior clareza.

Ainda que não seja objectivo deste livro professar alguma espécie de crença religiosa, mas apenas estudar a vida e a natureza de Jesus, o homem, nas suas reacções ante a adversidade, as referências que o autor utiliza são essencialmente dos evangelhos, o que, de certa forma, acaba por tornar a obra mais apelativa a quem os conheça minimamente. Mas, independentemente desse aspecto, contudo, parece-me que o autor consegue, através da forma como se expressa, colocar o leitor na posição do homem perante o tormento iminente e é essa tristeza profunda, essa reacção de tão surpreendente dor, o que mais marca neste livro.

Em parte análise da vida de Jesus e em parte conjunto de directivas para enfrentar a adversidade, este poderá não ser um livro para todos os leitores, mas quem se interessa por este tema poderá retirar muito de interessante desta breve análise. Gostei.