quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sally (Jorge Candeias)

Com um olhar hipnótico prendeu-lhe a atenção e marcou-o de tal forma que ele nunca mais deixou de a procurar. Esta é a história de uma espécie de obsessão chamada amor, daquele que apenas é sentido por uma das partes, mas que marca, prende, enlouquece. E de Sally, um enigma com forma de mulher, mas que é afinal... algo mais.
Há bastante tempo que tenho uma grande admiração pelo trabalho do Jorge Candeias enquanto tradutor. No que às suas próprias histórias diz respeito, contudo, o meu conhecimento era pouco mais que superficial, através de um ou outro conto lido por essa internet fora. Foi com uma certa curiosidade portanto que, quando este pequeno livro encontrou o seu caminho até mim, mergulhei na leitura desta pequena história.
O primeiro elemento a chamar-me a atenção foi a fluidez envolvente da escrita. Sendo um conto de ficção científica, estava à espera de algo mais técnico e, possivelmente, de um cenário um pouco mais difícil de assimilar. Mas não é isso que acontece. O texto cativa desde a primeira linha e, se tudo soa esplendidamente bem, há momentos ao longo do conto que são pura e simplesmente brilhantes - e aqui, sem querer revelar demasiado, tenho de mencionar um momento que achei particularmente marcante: a pequena divagação sobre o silêncio e as armas.
Outro ponto a favor é o ambiente de mistério em volta dessa figura que é Sally. A impossibilidade insinuada desde o início não é barreira suficiente para combater o fascínio apaixonado que a estranha mulher exerce sobre o protagonista. E é esta mesma paixão, essa necessidade de persistir na procura, que torna o final tão marcante quanto surpreendente naquilo que revela.
Uma história breve, mas envolvente, e que, com a fusão das medidas certas de mistério, emoção e surpresa, me cativou desde as primeiras linhas e me deixa com a vontade e a certeza de que tenho de ler mais deste autor. Muito bom.

1 comentário:

  1. Eu também conheço o nome "Jorge Candeias" pelos seus trabalhos de tradução. Uma tradução que é sempre muito bem conseguida. Lembro-me de numa feira do livro há algum tempo imensa gente ter dito "comprei o livro Sally" e fiquei deveras curiosa com este. Depois desta crítica fiquei mais curiosa!

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