Tom é um homem atormentado pelo passado. A tragédia que lhe roubou a família privou-o também da tranquilidade necessária para continuar com a sua vida e é por isso que decide procurar refúgio em West Bay, um lugar tranquilo onde ninguém o conhece. Também Kathy encontrará aí um refúgio para a sua vida familiar complicada, uma vez que o pai lhe deixou uma casa associada a uma vida dupla que Kathy desconhecida. E será em West Bay que ambos enfrentarão as suas próprias mágoas e descobrirão um no outro exactamente aquilo de que mais precisam.
Mais complexo e mais misterioso que Viver o Sonho, o outro título que li desta autora, este é um livro que cativa inicialmente pela força com que Josephine Cox nos apresenta a tragédia de Tom. A situação inexplicável que arruinou a vida de um homem que aparentemente tinha tudo, e o enigma relativo à identidade do culpado, despertam desde cedo a curiosidade do leitor. Mas nem só dos protagonistas vive este livro e histórias tão profundas e intensas como as de Kathy e Tom ganham uma nova força por se situarem num meio onde quase todos os que o rodeiam têm também algo de revelador nas suas vidas. Desde o pai de Kathy, com a sua vida dupla, a Maggie com a sua atitude de constante desafio e passando, como não podia deixar de ser, pela obssessiva Lillian, cada um dos intervenientes nesta história tem um papel de relevo a desempenhar no retrato global da situação.
Um outro aspecto interessante neste livro é que, ao não limitar os acontecimentos ao romance, criando um mistério cativante e, por vezes, perturbador, a autora cria uma certa obscuridade no cenário global, ambiente que acaba também por propiciar ao impacto dos momentos surpreendentes, já que, depois de, durante grande parte do livro, tudo apontar para um culpado bastante óbvio, as revelações finais mudam por completo o rumo dos acontecimentos.
Uma leitura agradável, cativante e que, apesar do inevitável elemento de romance, cativa principalmente pela misteriosa morte da família de Tom, para surpreender com uma revelação que, apesar de não ser esta a principal componente do livro, não deixa de deixar na mente uma certa necessidade de reflexão. Quando poderá, afinal, ser feito por inveja?
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