segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Oscar Wilde e os Crimes à Luz das Velas (Gyles Brandreth)

Tudo começa quando Oscar Wilde entra numa sala para se deparar com o corpo de um dos seus jovens amigos - um potencial actor talentoso que Oscar ensinava - morto num cenário peculiar. Para muitos, é apenas uma morte sem importância, mas o afecto de Oscar pelo jovem Billy Wood não lhe permite esquecer o caso. Assim, junta-se aos seus amigos Robert Sherard e Arthur Conan Doyle na tentativa de descobrir o assassino. Mas toda a situação é um mistério e nem as autoridades parecem dispostas a dar ao caso a devida atenção...
Uma história intrigante, escrita de forma envolvente e com a dose certa de humor a acompanhar as aventuras de um grupo de personagens carismáticas são alguns dos pontos fortes desta aventura, a primeira de uma série de investigações protagonizadas pelo excêntrico Oscar Wilde. Conjugando um método de dedução com uma personalidade invulgar e cuidadosamente caracterizada, o autor cria um mistério a evocar as técnicas de Sherlock Holmes, ao mesmo tempo que desenvolve um protagonista invulgar em muitos aspectos, excêntrico numa série de comportamentos, mas, na globalidade, fascinante na conjugação entre o estranho e o admirável.
Contada pela voz de Robert Sherard, é possível ver desta narrativa não só o mistério da morte de Billy Wood, mas uma curiosa mistura de interacções sociais que, gravitando em torno de Oscar Wilde, não se limitam ao seu efeito sobre os que o rodeiam. Na verdade, ainda que seja a caracterização de Wilde a que se destaca, sendo este quem tem o maior protagonismo, também no desenvolvimento das suas relações há muito de interessante, quer no contraste de personalidades entre as várias personagens, quer pela complexidade dos estados de espírito do próprio Wilde, postos em evidência pela forma como o narrador - que é também o amigo - conta a história.
No que toca ao mistério propriamente dito, não é muito difícil adivinhar pelo menos uma das conclusões finais. Ainda assim, este conhecimento que, desde cedo, é insinuado na narração de Sherard, não prejudica em nada o ritmo da leitura, sendo tão interessantes os comos e os porquês do crime e da sua investigação como os resultados que desta se concluem. Além disso, a insinuada suspeita contribui também para que os movimentos das várias personagens possam ser interpretados de forma diferente: as supostas falhas, os suspeitos improváveis, os comportamentos inexplicáveis da parte de algumas personagens... No final, tudo tem uma razão de ser e, mais que a identidade do assassino, é isto que surpreende neste livro.
História de detectives com um investigador peculiar, nem só do crime e da sua investigação vive este livro. E é precisamente da conjugação entre um mistério interessante e as relações entre as curiosas personagens que o protagonizam que resulta a envolvência deste livro. Intrigante na história, fascinante no desenvolvimento das personagens e com um equilíbrio muito bem conseguido entre mistério, emoção e humor, um livro simplesmente viciante.

1 comentário:

  1. Parece-me interessante; já apontei o nome e vou ler certamente, adoro livros de mistério e whodunit.

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