segunda-feira, 11 de agosto de 2014

A Escolha dos Três (Stephen King)

Depois do confronto e da longa conversa com o homem de negro, Roland desperta numa praia desconhecida. Aí, encontra perigo, em primeiro lugar. E, depois, três portas que o levarão a outro mundo. É desse mundo e de diferentes pontos no tempo que Roland precisará de trazer os três que moldarão os próximos passos na sua busca da Torre Negra. Mas nenhuma das escolhas será fácil. Eddie Dean é um viciado e encontra-se numa situação delicada. Odetta Holmes perdeu as pernas num acidente e, nesse mesmo episódio, ganhou uma segunda personalidade. E Jack Mort espalha morte pela cidade enquanto se esconde sob a fachada de um homem respeitável. A todos Roland terá de alcançar para trazer para o seu mundo aquilo de que precisa. Mas, fraco e ferido, precisará de toda a sua força de vontade para se manter vivo. E todas as escolhas que fizer terão consequências.
Seguindo na mesma senda do primeiro volume desta série, A Escolha dos Três tem muitos pontos em comum com o anterior O Pistoleiro. A mais evidente delas é a mistura de mistério e de ambiguidade, num enredo em que, para cada resposta, surgem várias perguntas e em que os diferentes mundos, com o que os diferencia e com os traços que têm em comum, se cruzam de uma forma nem sempre fácil de compreender. Disto resulta também a mesma mistura de estranheza e fascínio perante um cenário que é diferente em muitos aspectos, mas em que há muito de cativante - na história, nas personagens e nos próprios lugares.
A forma como a história é contada, em capítulos relativamente curtos e com vários momentos intensos a surgir ao longo do percurso, facilita a assimilação dos momentos de maior estranheza. Mas a verdadeira âncora de toda esta história é Roland. Carismático, com os valores certos e uma consciência bem presente, mas pragmático e capaz de elevar a sua demanda acima de tudo, incluindo as vidas de seja quem for, Roland surge, por vezes, como herói, mas também como anti-herói. E, por isso, a sua presença e as suas escolhas, complexas, como a sua própria personalidade, estão na base de alguns dos momentos mais surpreendentes do livro. E também dos mais emotivos.
Quanto à busca da Torre Negra e ao caminho a seguir, há ainda muitas perguntas sem resposta, quer quanto aos motivos, quer quanto ao que se seguirá. Ainda assim, fica a impressão, no final deste livro, do encerramento de uma fase e, ao mesmo tempo, do abrir de novas possibilidades. E, precisamente por isso, muita curiosidade quanto ao que se seguirá.
Estranho e fascinante, com personagens fortes e uma história cheia de surpresas, A Escolha dos Três conjuga mistério, fantasia, emoção e até mesmo um toque de humor. O resultado é um livro intenso e surpreendente, com vários momentos memoráveis e que promete muito de bom para o que virá depois. Recomendo.

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