quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Os Segredos do Clube Bilderberg (Vito Bruschini)

Ocultos por uma cortina de secretismo, o Clube Bilderberg construiu influências e conquistou o poder para moldar o rumo do mundo aos seus interesses. Através dos tempos, espalharam o caos, criaram crises e mudaram sistemas para construir um novo sistema orientado pelas suas regras. Mas basta uma falha e, de súbito, tudo pode estar comprometido. Quando um membro demasiado ambicioso começa a tomar medidas demasiado drásticas, comprometendo o segredo, o futuro longamente planeado passa a estar em risco. E talvez o mistério não seja suficiente para fugir às atenções dos que ainda estão dispostos a lutar pelos seus ideais.
Um dos aspectos que, desde cedo, sobressai neste livro é que, apesar de ser, acima de tudo, uma obra de ficção, escrita com o ritmo de acção de um thriller, há também uma mensagem que o autor pretende passar aos seus leitores. É por isso que o autor - ou melhor, as suas personagens - se demoram em explicações sobre a constituição e os planos do Bilderberg, bem como sobre as consequências dos planos que lhes são atribuídos. Ora, o resultado disto é uma história de ritmo mais pausado, que, talvez pelas extensas explicações e pela forma como contrastam com a rapidez de certas acções, passa, por vezes, a impressão de algum exagero, mas que toca, de facto, várias questões pertinentes.
É este, aliás, o ponto mais interessante do livro. Apesar do ambiente de teoria da conspiração que se sente ao longo de vários momentos do enredo, a forma como certas decisões são encaradas, principalmente no que diz respeito à área ambiental e à agricultura, consegue ter o seu quê de perturbador, principalmente no que diz respeito à sempre actual questão da importância das pessoas comparativamente aos números (económicos e não só). Surge daqui um bom ponto de partida para o contraste entre a frieza dos interesses de algumas das personagens e a força da convicção de outras.
Quanto às personagens, fica a impressão de alguns aspectos deixados por explorar, em grande parte por haver um foco mais nos acontecimentos do que propriamente no desenvolvimento das características dos intervenientes. Ainda assim, e apesar de uma decisão algo questionável na fase final do enredo, há nos principais intervenientes os traços necessários para despertar curiosidade e a história pessoal de Milla, ainda que abordada de forma muito simples, acrescenta um muito bem conseguido toque de emoção.
A impressão global que fica de tudo isto é a de uma história com algo de exagero, mas com bastante material para reflexão. Com um enredo interessante, de ritmo agradável e personagens cativantes, uma boa leitura.

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