sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Na Pele de Meryl Streep (Mia March)

Quando Isabel e June Nash são informadas pela tia que precisa que elas regressem à pousada onde cresceram porque tem um comunicado para lhes fazer, nenhuma delas fica muito entusiasmada. Foi ali que continuaram com as suas vidas depois da morte dos pais num acidente, mas a perda criou mais barreiras que união e a relação entre as irmãs e com a prima Kat nunca foi a mais sólida. Mas agora, de regresso à pousada, e com uma notícia capaz de lhes mudar as vidas à espera, Kat, Isabel e June vão descobrir a força de sentimentos que nunca expressaram e encontrar a força, depois de toda a dor que já sentiram, para travar ainda uma nova batalha. E descobrir quem realmente querem ser.
Tendo como ponto de partida um regresso às origens e um cenário de possíveis perdas, este é um livro que tem como grande ponto forte o impacto emocional. Tanto nos percursos pessoais das três protagonistas, como nos acontecimentos associados ao comunicado de Lolly, há todo um conjunto de pequenos - e não tão pequenos - dramas, com todo o sentimento que lhe está associado. Há, também, uma sucessão de perdas, vindas do passado ou previstas para um futuro próximo, e a forma de reagir (ou a necessidade de o fazer) implicam também uma forte carga emocional.
A este impacto emocional está associada toda uma grande reflexão sobre o que verdadeiramente importa na vida. Isabel, June, Kat e a própria Lolly são mulheres fortes moldadas pelas experiências que viveram, mas são também, ainda e sempre, almas em crescimento. Em cada novo acontecimento, ou no que está para vir, há sempre uma nova lição à espera, capaz de moldar escolhas para o futuro. Há uma evolução nas personagens, no que as define e nas percepções que têm do mundo e das relações. E este desenvolvimento, revelador de personalidades complexas e empáticas, é também parte do que torna esta história especialmente marcante.
Também cativante é a forma como a autora conjuga a história pessoal das personagens com os filmes que vêem juntas nas suas noites de cinema. Além de criar vários paralelismos interessantes entre as protagonistas e as personagens dos vários filmes, as sessões de cinema e as discussões sobre os filmes reforçam o impacto da união familiar que é, afinal de contas, um dos pontos centrais deste livro. União que é também, e acima de tudo, o mais constante dos afectos, numa história em que nem todas as possibilidades encontram uma resolução definitiva. Como na vida, de resto.
Feita de emoções fortes e de afectos duradouros, esta é, pois, uma história de perda e de superação, mas também de amor e de ternura. Cativante e comovente, fala com leveza e amor de como os grandes momentos e as pequenas escolhas definem a vida de cada um. E fica na memória, bem depois de terminada a leitura.

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