domingo, 3 de agosto de 2014

A Lista da Morte (Frederick Forsyth)

O alvo é conhecido simplesmente como um Pregador e, através das ideias extremistas propagadas nos seus sermões, foi a causa de várias mortes, nos Estados Unidos e em solo Britânico. As suas acções fizeram dele um alvo a abater. Mas, sem conhecimento do seu rosto ou do nome verdadeiro, é preciso partir das muito escassas pistas que o Pregador deixou no seu rasto. A missão pode bem revelar-se impossível, mesmo que o responsável por ela tenha todos os melhores meios ao seu dispor. Mas o Batedor não desiste facilmente... e muito menos o fará a partir do momento em que a questão se torna pessoal.
De ritmo relativamente pausado e sem grande desenvolvimento emocional, este livro tem como grande ponto forte a forma como desenvolve o complexo plano de acção em torno da busca pelo Pregador. Envolvendo diferentes agências de informação e formas militares, o autor constrói uma teia em que cada pequeno desenvolvimento é relevante para a conclusão da missão. E isto é desenvolvido de forma gradual, como que ao ritmo da formação dos planos do próprio Batedor. Assim, o que começa por ser uma impressão de dispersão, percorrendo o passado dos protagonistas, mas também acontecimentos que, à primeira vista, parecem ter pouca relevância para o plano central, acaba por dar origem a uma rede de planos e de acontecimentos em que todos os elementos se cruzam para dar forma a uma conclusão em que tudo faz sentido.
Também interessante é que, apesar da distância emocional com que a maioria dos acontecimentos são narrados, o Batedor acaba por ser, ainda assim, um protagonista cativante, em grande medida devido ao carisma e determinação que transparecem das suas acções. Além disso, há um muito bem desenvolvido contraste de mentalidades, evidente no contexto geral, mas tornado mais claro nos traços que diferenciam o Batedor do Pregador. O extremismo de um põe em evidência a tolerância do outro, o que, associado a um acontecimento pessoal, acaba por tornar mais fortes as motivações do protagonista.
Também a forte componente descritiva acaba por reforçar a impressão de distância relativamente ao impacto dos acontecimentos. Ainda assim, a muita informação apresentada pelo autor torna mais fácil a compreensão das complexidades do enredo, ao mesmo tempo que levanta algumas questões relevantes, principalmente a partir do momento em que há elementos externos envolvidos no plano.
Sem nunca chegar a ser uma leitura compulsiva, mas também sem nunca perder a envolvência, este é, pois, um livro que, com um enredo interessante e um protagonista forte, proporciona uma interessante viagem aos meandros da espionagem internacional. Gostei.

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