terça-feira, 25 de julho de 2017

A Rapariga no Gelo (Robert Bryndza)

Quando o corpo de uma mulher é descoberto debaixo de uma camada de gelo, com evidentes sinais de violência, todos os meios policiais são mobilizados. Principalmente porque Andrea Douglas-Brown, filha de uma figura social de relevo, está desaparecida há algum tempo e tudo indica que possa ser ela a mulher debaixo do gelo. Para chefiar a investigação, Erika Foster é chamada a regressar de um longo retiro - consequência de erros passados - e a retomar o seu papel enquanto inspectora-chefe. Mas Erika não prima pelas sensibilidades políticas e, quando todos esperam que ela aja com todo o tacto perante os poderosos, Erika decide enfrentar os problemas da investigação de frente. Há uma rapariga morta e é preciso descobrir o assassino. Mas Erika ainda não sabe que o caso é mais complexo do que imagina - e que pisar os calos aos poderosos tem sempre consequências.
Centrado essencialmente num caso com princípio, meio e fim, mas com um núcleo de personagens cujas histórias irão para além deste primeiro livro da série, um dos primeiros aspectos a sobressair nesta leitura é o equilíbrio entre o caso central e os pequenos aspectos que definem o passado e as relações entre personagens. Claro que isto é particularmente evidente no que toca à detective Erika Foster, cujo passado é a razão das suas circunstâncias e, como tal, começa aqui a ser desvendado de uma forma muito intrigante. Além disso, este passado acaba por desempenhar um papel importante na evolução da investigação, já que move várias das decisões tomadas. O resultado é um equilíbrio bastante intrigante entre o caso principal, aquilo que já é dito sobre a história prévia de Erika (e não só) e as possibilidades que parecem insinuar-se sobre os volumes seguintes da série.
É claro que grande parte da narrativa gira em torno do caso e também este tem muito de cativante. Desde as tentativas de influenciar a investigação por parte dos poderosos (e as motivações por detrás destas tentativas) à sequência de passos, erros e novas pistas que definem o rumo da investigação, há sempre algo de interessante a acontecer e a forma como o autor conta a sua história, em capítulos curtos e em que a informação vai surgindo à medida que é necessária, realça a intensidade dos acontecimentos. Além disso, as reviravoltas no enredo levam a novos momentos de tensão e de perigo, criando um crescendo de intensidade que culmina num final particularmente forte - o que, num livro como este, é crucial para o tornar memorável.
Mas, voltando às personagens. Ainda que o ritmo intenso da investigação faça com que quase tudo se centre no objectivo comum de resolver o caso, há, ainda assim, muito de intrigante nas relações entre personagens. Erika, recém-chegada, desperta sentimentos contraditórios. E a forma como a sua presença influencia aqueles que a rodeiam, criando reacções intensas e, por vezes, também contraditórias, parece começar a construir uma teia de relações que se prolongará para lá deste primeiro livro. Para já, estabeleceram-se lealdades, amizades e rivalidades. E, a partir deste ponto, o que vem a seguir não pode senão despertar muita curiosidade.
Intenso, intrigante e com um núcleo de personagens bastante coeso, trata-se, portanto, de um livro forte que é também um início de série muito promissor. Envolvente do início ao fim, surpreendente em todos os momentos certos e com uma história sempre cativante, uma leitura a não perder para quem gosta de um bom policial. Recomendo.

Título: A Rapariga no Gelo
Autor: Robert Bryndza
Origem: Recebido para crítica

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