Maika Meiolobo precisa de respostas. E, para as obter, está disposta a fazer novamente o que jurou que nunca faria: deixar-se escravizar de modo a entrar no complexo das Cumaea, as poderosas freiras bruxas que parecem deter grande parte do poder do lado humano. Maika é arcânica, mas, apesar da guerra entre o seu povo e os humanos, também os arcânicos parecem ter nela um interesse pouco benevolente. É que o passado fez com que Maika tivesse em si uma força poderosa, capaz de mudar o mundo para melhor ou de o destruir por completo. E, assim, o que começa por ser uma procura por respostas não tarda a deixar Maika na posição de perseguida e sem saber ao certo em quem pode confiar...
Basta olhar para a capa deste livro para descobrir o que será um dos grandes pontos fortes ao longo de todo este volume: a imagem. Escusado será dizer que, num livro de banda desenhada, em que a parte da informação que não é transmitida pelo diálogo depende essencialmente da parte visual, este é um elemento particularmente relevante, mas, neste livro em particular, há algo de mais notável do que isso. É que as imagens em si são, em si mesmas, todo um mundo, já que cenários, personagens e momentos são retratados com uma vitalidade espantosa. E, ao conjugar isto com uma história cheia de pormenores, com um mundo complexo e um conjunto de personagens carismáticas e surpreendentes, o resultado não podia deixar de ser uma leitura fascinante.
E, sim, basta a componente visual - belíssima, diga-se de passagem - para fascinar. Mas o texto complementa-a para dar forma a um todo que é maior que a soma das partes. Todo esse que é, no fundo, um enredo cheio de qualidades, a começar pelas particularidades do mundo, passando, é claro, pelos grandes momentos de conflito e as várias revelações surpreendentes, e culminando numa visão das personagens - enquanto indivíduos e no seio do grupo a que pertencem - que deixa marcas bastante fortes na memória.
Claro que a figura mais marcante é Maika, com todos os mistérios que a rodeiam e o grande poder que contém dentro de si, mas também com os laivos de vulnerabilidade que denunciam a humanidade para lá desse poder. Mas é também muito interessante o facto de, apesar de várias personagens terem papéis bem definidos, e de os escrúpulos morais raramente serem a força que os faz mover, nem tudo ser tão linear, em termos de valores, como parece à partida. E, tendo em conta que este é apenas o primeiro volume e que ficam várias perguntas sem resposta, as muitas surpresas ao longo do caminho, tanto no rumo dos acontecimentos, como na posição de certas personagens face ao que se está a passar, aumentam também a curiosidade em saber o que acontecerá a seguir.
Intenso, empolgante e belíssimo em todos os aspectos, trata-se, portanto, de um primeiro volume que cativa à primeira vista e que não deixa de fascinar até ao último ponto da última página. Complexo, cativante e repleto de potencial, um início maravilhoso para uma história que promete ainda mais. Genial.
Título: Monstress - Despertar
Autores: Marjorie Liu e Sana Takeda
Origem: Recebido para crítica
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