Gervásio Lobato fez furor há mais de um século. Jornalista e romancista, o seu humor e comicidade passaram de mãos em mãos, de geração em geração. Lisboa em Camisa foi, desde a publicação em 1882, o seu mais estrondoso êxito, com inúmeras edições. E quem conhece Gervásio Lobato? Outrora um dos grandes nomes do humor português, hoje é um autor esquecido, recordado apenas por uma rua com o seu nome, em Campo de Ourique.
Lobato capta pequenos quadros da vida quotidiana lisboeta e esmiúça comportamentos, ridiculariza-os e leva-os a um extremo em que o riso é inevitável. Tudo se passa em finais do século XIX, mas a paródia é actual: assistimos à sede de protagonismo, à mania da superioridade, a um certo cerimonialismo ou à falta dele.
As peripécias da família Antunes, dos seus sogros Martim (sem s), da família Torres, do conselheiro com as filhas casadoiras, e do Dr. Formigal, entre outras personagens muito caricatas.
O tema é Lisboa, uma Lisboa que o autor despe ou surpreende em camisa. Um romance que lido hoje é a actualidade apanhada em flagrante delito.
Gervásio Lobato. Nasceu a 23 de Maio de 1850, em Lisboa, e morreu a 26 de Maio de 1895, na mesma cidade. Fundou, aos 15 anos, o jornal literário A Voz Académica. Um homem votado ao jornalismo, sobretudo ao género folhetinesco, colaborou em inúmeros jornais, nomeadamente: Gazeta de Portugal, Gazeta Literária, Recreio, Jornal da Noite, Diário Ilustrado, Progresso, Correio da Noite, Século, Diário de Notícias. É no Diário da Manhã, para o qual entrou a pedido de Pinheiros Chagas, que ganha notoriedade como folhetinista. Aqui, num suplemento intitulado Vida de Lisboa, publica A Comédia de Lisboa, com o pseudónimo de Gilberto. Foi também um grande homem do teatro, como dramaturgo e comediógrafo. Dotado de uma graça inesgotável, fez rir o público que acorria com frequência ao Teatro do Ginásio, e tem sido comparado a Rafael Bordalo Pinheiro no que toca ao seu talento de caricaturista. Foi agraciado pelo rei com o oficialato da Ordem de Santiago.
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