Agora rei de sete territórios e ciente de que algo de negro - mais negro do que ele, até - o persegue, o Rei Jorg Ancrath está decidido a conquistar finalmente no Congresso o lugar que sempre foi o seu objectivo máximo: o de imperador. Mas o caminho é perigoso, não só pelos vários inimigos que fez ao longo da vida, e alguns dos quais parecem querer voltar a manifestar-se, mas principalmente por uma entidade mais antiga que, de olhos postos nele há anos, se prepara agora para a derradeira investida. O Rei Morto parece pronto a dominar o império e, caso o faça, há forças mais antigas prontas a pôr, de uma vez por todas, fim ao mundo como todos o conhecem. E Jorg, com a sua astúcia ilimitada, parece ser o único capaz de lhe fazer frente. Mesmo que isso implique mergulhar ainda mais fundo nas trevas do passado e encontrar-se como realmente é para enfrentar o inimigo.
Deixem-se ser o mais directa possível: não sei por onde começar a falar sobre este livro. Não sei, porque, depois de dois volumes intensos e muito, muito marcantes, este Imperador dos Espinhos elevou tudo a um nível ainda mais alto e acho que devo ter deixado uma parte do coração pelo caminho, tantos foram os momentos devastadores que ao longo da estrada encontrei. Por isso, permitam-me antes de mais este excesso de entusiasmo para vos dizer isto: leiam esta trilogia. Leiam, leiam, leiam. Não a vão esquecer tão cedo.
Mas vamos por partes. O que tem este derradeiro volume que o torna tão impossivelmente marcante? Bem, para começar, tem tudo o que os anteriores já tinham em abundância: uma escrita brilhante, um mundo complexo e cheio de surpresas, personagens carismáticas e tão fascinantes como o contexto conturbado em que parecem mover-se. E isto bastou para tornar muito, muito bons os livros anteriores. Mas aqui... Ah. Aqui, quando tudo se encaminha para o fim, tudo se intensifica. As revelações são poderosíssimas, as verdades difíceis tornam-se ainda mais impiedosas, o caminho rumo ao trono torna-se ainda mais tenebroso... E o fim... O fim é brilhantemente devastador.
Mas permitam-me ainda um momento para falar das maravilhas dessa tão sombria e fascinante figura que é Jorg Ancrath. No início, era um jovem marcado pelo passado, forjado nas lições dos espinhos numa matéria absolutamente impiedosa. E agora, se olharmos para ele a partir do fim, vemos toda uma jornada de crescimento, tão intensa, tão forte, tão cruel, que fez dele algo mais do que o príncipe capaz de tudo para vencer. O Jorg do Congresso é um homem mais completo que o que começou esta jornada. E, ainda que talvez ele mesmo se recusasse a admiti-lo, é também um homem melhor. E isto - esta transformação, esta renovação sem perda de identidade - é talvez o mais brilhante do muito (mesmo muito) que de brilhante este livro tem.
Apaixonante, então. É uma boa palavra para definir esta viagem através de um mundo de homens e lugares arruinados. Uma viagem que tanto consegue despertar sorrisos com os seus laivos de humor negro como desfazer um coração em pó nos momentos mais devastadores. E que culmina num final tão absurdamente doloroso, mas tão incrivelmente perfeito, que mundo e personagens gravam-se a fogo na memória. E por lá ficarão durante muito tempo.
Descreva-se, pois, tudo numa só palavra. E repita-se as vezes que forem necessárias. Porque, no fundo, basta dizer isto para caracterizar este livro: brilhante, brilhante, brilhante.
Título: Imperador dos Espinhos
Autor: Mark Lawrence
Origem: Recebido para crítica
Em primeiro quero dizer que adoro a "casa nova"!
ResponderEliminarEstou contigo, já li a trilogia toda e repito contigo, leiam, leiam, leiam!
Fabulosa e a tua crítica está excelente, mas esta trilogia não é para toda a gente como bem sabes.
Para quando novos livros deste autor?
Beijos.
Obrigada! Sim, é verdade, são livros muito sombrios e exigem... bem, uma certa força emocional para certos momentos. (Ainda não recuperei do choque!!) Mas é tudo tão genial... Espero que venham a ser publicados por cá os outros livros do autor. Quero ler tudo. :) :)
Eliminar