Uma emboscada oportuna, da qual ele parece não ser o alvo, faz com que Caleb Wardell, conhecido como o Sniper de Chicago, fuja de uma carrinha de transporte de prisioneiros poucos dias antes da data da sua execução. E, inesperadamente devolvido à liberdade, Wardell só pensa em fazer o que melhor sabe: matar. É preciso que a alguém o trave antes que a contagem de mortos comece, uma vez mais, a subir. E, para isso, o FBI recorre, ainda que com alguma relutância, a Carter Blake, um indivíduo misterioso cuja profissão é encontrar pessoas que não querem ser encontradas. Integrado na equipa criada para dar caça a Wardell, Blake procura pistas no passado e no rasto que Wardell começa a construir, tentando adivinhar qual será a próxima jogada. Mas, à medida que se aproxima da sua presa, a caça ao homem começa a revelar-se como algo bem mais complexo. Há uma conspiração nas sombras - e Wardell, por mais mortífero que seja, é apenas um peão.
Com um enredo que decorre em poucos dias e um ritmo que, por ser a história de uma caça ao homem, não pode deixar de ser de acção constante, este é um livro que prende desde muito cedo e não larga mais até ao fim. E por várias razões, a primeira das quais é, desde logo, a forma como está escrito. Com capítulos curtos, centrados no essencial, e um conjunto de pontos de vista que permitem uma visão abrangente do que está a acontecer, é fácil entrar no ritmo deste livro, sentir o peso da corrida contra o tempo e acompanhar os raciocínios - e perplexidades - das várias personagens a cada nova revelação. O resultado é uma história intensa, sempre intrigante e cheia de surpresas.
É também o início de uma série, o que significa, inevitavelmente, perguntas sem resposta. Não sobre o caso Wardell, entenda-se. Este tem princípio, meio e fim (e que belo fim), o que significa que não fica nada de essencial em aberto para o que virá a seguir. Já quanto a Carter Blake, a história é bem diferente. Blake é um mistério - sendo, aliás, isso que o torna tão intrigante. E há várias pequenas pistas sobre um passado ainda por explorar, sobre uma história que o moldou na figura discreta e esquiva que surge para resolver um problema que está a criar dificuldades às mais altas autoridades. É aqui que fica a tal curiosidade insatisfeita. Blake é intrigante, Blake tem um potencial vastíssimo. Mas, no fim deste primeiro livro, ainda se sabe muito pouco sobre Blake. Claro que há uma contrapartida nestas respostas que ficam por dar: mais vontade fica de ler os livros seguintes.
Voltando ao caso - e às personagens centrais - deste livro. Claro que a acção é o elemento dominante, mas há ainda um outro aspecto que sobressai: a capacidade do autor de, ao entrar na mente das várias personagens, construir uma intriga que é, não só mais complexa do que parecia, mas também pontuada por picos de inesperada emoção. A história pessoal da Agente Banner, os motivos aparentemente inexplicáveis dos que se movem nas sombras e as inevitáveis consequências de cada escolha acrescentam às decisões e às descobertas um impacto que a simples exposição da acção não lhes poderia dar. E, assim, a história ganha mais vida e mais intensidade - reforçando o impacto das respostas que são dadas... e o potencial das que ficam ainda por dar.
Intenso, intrigante e cheio de revelações, trata-se, portanto, de um livro que cativa desde o início e nunca deixa de surpreender. Não, não dá todas as respostas e há muito potencial que fica em aberto para os próximos livros. Mas, com um protagonista como Carter Blake, é inevitável a impressão de que o melhor ainda está para vir...
Título: O Caçador
Autor: Mason Cross
Origem: Recebido para crítica
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