domingo, 11 de abril de 2010

O Braço Esquerdo de Deus (Paul Hoffman)

O Santuário dos Redentores é um lugar de fé cega e rígida disciplina, onde até cometer um acto inesperado pode ser punido com a morte. É neste ambiente que Cale, o protagonista deste livro, cresce, até ao dia em que assiste a um tão terrível acto que se vê obrigado a fugir. A sua nova liberdade, contudo, é apenas o início de uma série de tribulações...
Depois de ter encontrado grandes louvores e também expressões de grande desilusão relativamente a este livro, avancei para esta leitura com as expectativas moderadas. E a verdade é que acabou por ser uma boa surpresa. A escrita do autor é acessível e envolvente e o cenário dos acontecimentos é, de uma forma geral, bastante interessante e bem elaborado. Fiquei particularmente cativada pela adaptação dos mitos reais na disciplina e nas crenças dos Redentores e foi provavelmente este o elemento que me prendeu à leitura desde o início.
O mais interessante, ainda assim, é o desenvolvimento da personalidade de Cale que, tendo os seus pontos em comum com alguns heróis, não é o típico protagonista glorioso. Cale é um rapaz reservado, arrogante, desconfiado e egoísta até um certo ponto, em grande parte como resultado da educação recebida. As suas atitudes, ainda assim, acabam por surpreender, com os seus momentos de generosidade e as suas atitudes imprevistas, resultando num personagem bastante complexo e desenvolvido.
Por outro lado, este desenvolvimento centrado em Cale acaba por deixar muito por dizer quanto a todos os outros intervenientes no enredo, o que deixa muitas perguntas no ar - que, espero, serão respondidas no volume seguinte. Isto aliado a um final que deixa muito em suspenso e a algumas outras revelações inexplicadas, relativas principalmente a IdrisPukke, deixam a sensação de que havia mais a desenvolver neste livro.
Bastante cativante na sua generalidade, com um ritmo envolvente e um protagonista muito marcante, ainda que julgue que parte do seu potencial permanece por explorar, O Braço Esquerdo de Deus revelou-se como uma boa surpresa e uma leitura muito envolvente. Fica a curiosidade em saber como evoluirá o enredo nos livros seguintes.

3 comentários:

  1. Olá!

    Este romance é todo ele imaginário ou é baseado em algo real?

    Parabéns pelo blogue!

    ResponderEliminar
  2. Olá. :)

    Ora aí está uma boa pergunta. Eu diria que o essencial do livro é imaginário - apesar de ter uma espécie de adaptação de mitos reais, principalmente do Cristianismo. Mas algures pelo meio encontras algumas referências a personalidades tidas como reais e acaba por ficar uma certa dúvida.

    ResponderEliminar
  3. Gostei. Um livro cru e sujo, pintado em tons de cinzento.
    Só é pena que a acção se tenha centrado tanto em redor do anti-herói Cale... Pode ser que nos próximos isso mude...

    ResponderEliminar