sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A Eleita de Kushiel (Jacqueline Carey)

O jogo não acabou. Ainda que a paz pareça estar, finalmente, estabelecida, ninguém sabe do paradeiro de Melisande Shahrizai e apenas Phèdre tem conhecimento das pistas que a sua amada inimiga lhe enviou. É por isso que, apesar de todos os protestos em contrário, a jovem anguissette, agora Comtesse de Montrève, decide retomar o serviço de Naamah, de forma a descobrir as peças que não encaixam no desaparecimento de Melisande. Mas o preço é elevado e, num cenário onde a traição é quase constante, quem poderá garantir a sua segurança, quando aquele que lhe é mais próximo vacila ante a angústia que a situação representa para si?
Esta já é, sem margem para dúvidas, uma das minhas séries preferidas. Com uma escrita envolvente, num estilo muito próprio e de grande beleza nas suas elaborações, Jacqueline Carey apresenta, mais uma vez, um mundo de características cativantes, onde, ainda assim, são os elementos humanos e as relações de constante intriga e traição, por oposição às lealdades constantes de alguns dos intervenientes nesta história, o ponto mais fascinante de todo este enredo. Não há neste livro ninguém que seja perfeito e, com as suas falhas e dúvidas, cada personagem reflecte, no seu caminho, a sua forma de criar empatia no leitor. Phèdre, na sua persistência, na necessidade de agir e de resistir, mesmo quando não há certezas no caminho e apenas a mágoa se afigura inevitável. Mas principalmente em Joscelin, tão inocente, apesar de todas as sombras do passado, e tão profundamente humano ante demasiadas promessas dolorosas de manter.
Mas também os acontecimentos, que continuam a decorrer a um ritmo viciante, mantém o interesse, não só pelas surpresas que vão surgindo, mas também pela forma como a autora interliga as situações de acção com o desenvolvimento do seu mundo (e, neste aspecto, é muito interessante notar as ligações às mitologias do nosso mundo) e com o lado mais intenso e emotivo das personagens. Se a tormentosa relação entre Phèdre e Joscelin é um dos pontos altos deste livro, não é, ainda assim, o único e, desde pequenas cenas de grande poder emotivo, à grande revelação da fase final - que deixa uma imensa curiosidade quanto ao que virá no próximo volume - todos os momentos têm a sua magia e a estranha beleza que a autora tão bém traça com as suas palavras.
Cativante, intenso, marcado por grandes surpresas e momentos comoventes, mais um livro fantástico de uma autora que já se tornou uma das minhas favoritas. Muito, muito bom.

2 comentários:

  1. Sou obrigada a concordar contigo, esta colecção é fantastica :)
    Sabes quando irá sair o próximo livro?

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  2. Não faço ideia... mas mal posso esperar. :)

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