quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Frankenstein - O Filho Pródigo (Dean Koontz)

Duzentos anos passaram desde a criação do seu primeiro monstro e Victor Frankenstein - aliás, Victor Helios - tem agora um plano mais ambicioso. A Nova Raça, formada pelas suas criações, vai sendo progressivamente infiltrada entre os humanos. E é com base nesses seres mais fortes, mais capazes, estritamente racionais... e, claro, incapazes de questionar a vontade do seu criador... que Victor planeia uma nova era para o mundo. Mas nem tudo parece ser tão infalível como o criador julga e, enquanto mortes estranhas começam a marcar a vida em Nova Orleães, a primeira criação de Victor regressa da sua silenciosa ausência... para impedir a todo o custo que os seus planos se concretizem.
A primeira característica a impressionar nesta leitura é, inevitavelmente, a sua força compulsiva. Capítulos pequenos, acção quase constante, toda uma série de situações inexplicáveis que mantêm viva a curiosidade e uma escrita fluída, sem grandes elementos descritivos, mas com um ritmo cativante e os elementos certos para manter o suspense, este é um livro que, desde as primeiras páginas, se revela extremamente difícil de largar. E para isto contribui também o cruzamento de elementos tão díspares como a experimentação científica (a um nível impressionante), o mistério a desvendar e a necessária captura do assassino (com todos os elementos associados à análise comportamental e de cenas do crime) e os inevitáveis momentos perturbadores e arrepiantes, ligados essencialmente à forma como as múltiplas mortes se sucedem.
E, num livro onde, com a sua conjugação das medidas certas de horror, humor, acção e emoção, o objectivo principal parece de ser o de entretenimento, não deixa de ser curioso e cativante o lado mais dedicado aos meandros da natureza humana. Sendo uma parte fundamental da história o contraste entre a humanidade e a Nova Raça, não deixa de ser intrigante ver o contraste entre as emoções humanas que despontam em seres supostamente incapazes de emoção, a insensibilidade que tomou posse de uma figura supostamente humana, e a forma como, entre interesses racionais e emocionais, quase tudo pode ser posto em causa.
Intenso, intrigante, com uma boa história, personagens cativantes e uma abordagem surpreendentemente interessante a temas mais complexos do que seria de esperar, um livro para devorar com a força da compulsão. E a melhor parte... é que este é apenas o início.

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