sábado, 19 de fevereiro de 2011

A Rainha dos Malditos - volume I (Anne Rice)

No final do livro anterior, a situação de Lestat era bastante delicada. O seu desafio aos da sua raça e a sua vontade de se mostrar perante os humanos despertaram poderes que deveriam permanecer adormecidos. E as consequências surgem, ferozes e inevitáveis. Neste primeiro volume, há um recuo no tempo e uma mudança de ponto de vista. Já não é a história e o pensamento de Lestat que acompanhamos, mas o percurso dos que se interessam pelo seu desafio e que, para o deter ou simplesmente para assistir ao infame concerto, se deslocam, entre ameaças desconhecidas, em direcção ao local onde se dará o triunfo do vampiro. Mas há sonhos estranhos, vindos do passado, a perturbar essas mentes. E uma rainha de pedra que voltou a caminhar na noite...
Tudo o que me fascinou em Entrevista com o Vampiro e O Vampiro Lestat continua presente em força ao longo deste novo livro. E, contudo, há algumas diferenças consideráveis. A mudança da narração para a terceira pessoa parece afastar um pouco o tom pessoal e quase de confidência tão característico dos livros anteriores. E, contudo, a abertura do livro, ainda pela voz de Lestat, é poderosíssima e não pode deixar de despertar curiosidade para o que virá. Além disso, ao percorrer personagens tão diferentes como Daniel (o repórter de Entrevista com o Vampiro), Jesse, Khayman e o próprio Marius, há um percurso, gradual mas inevitável, em direcção a um clímax que se adivinha poderoso.
Há muitos enigmas ao longo deste livro. Os sonhos, os motivos que determinam a extinção de uns e a sobrevivência de outros, o passado de tantas novas personagens que vão sendo apresentadas... E Lestat, no meio de tudo isto, visto agora pelo olhar de outros da sua espécie, mas igualmente fascinante pelo efeito que exerce sobre todos eles. Fica, pois, a vontade inevitável de saber que poderosas revelações e situações marcantes se poderão esconder no segundo volume, já que este culmina num ponto onde a sensação que fica é que, a partir dali, tudo pode acontecer.
Um livro intenso, marcado por personagens complexas, reflexões bastante impressionantes e uma fluidez de escrita e de acontecimentos que desperta a curiosidade e a empatia desde a primeira página. Fascinante.

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