sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A Andorinha e o Colibri (Santa Montefiore)

Com o fim da guerra e o regresso de George à terra onde cresceu, Rita Fairweather espera que o amor que sempre os uniu dê forma, finalmente, a uma relação mais sólida. Mas George mudou e o lugar que sempre foi o seu refúgio já não o protege dos fantasmas que trouxe da guerra. Precisa de partir, de esquecer o futuro cuidadosamente planeado e de se encontrar. Decide, então, passar um ano na Argentina, com o objectivo de organizar as suas emoções. Rita fica para trás, novamente à espera e com a promessa de um regresso em que a sua união será, finalmente, consumada. Mas, se Rita permanece fiel ao amor da sua vida, George descobre que os seus afectos não eram tão claros como julgava e que talvez o amor de toda a vida não esteja destinado a concretizar-se...
Ainda que o amor seja, de facto, o tema central deste livro, esta não é simplesmente a história de um romance. Há mais neste livro para lá de George e de Rita - aliás, as histórias das restantes personagens são tão importantes como a deles - e a ligação que os une não podia estar mais longe do romance que acaba com um felizes para sempre. Na verdade, esta é tanto uma história de amores não correspondidos e de afectos que crescem ou que se atenuam com a passagem do tempo, como a história do crescimento de cada personagem e do seu papel no mundo que os rodeia.
Trata-se, portanto, de uma história mais complexa do que seria de prever e, com uma linha temporal longa e múltiplas personagens a desenvolver, o ritmo da narrativa é pausado, com momentos bastante descritivos e uma certa medida de introspecção. Contrasta com as situações de maior tensão ou dramatismo o decorrer da vida quotidiana, com as suas pequenas marcas e as alegrias e tristezas de cada dia. Ainda assim, há bastante de emoção a surgir, e nem só a nível de romance. Histórias como a da estranha figura da senhora Megalith, com a sua magia discreta e o seu papel na vida dos que a rodeiam (em particular, Max e Ruth), da mudança de Maddie com a descoberta do amor, de Faye Bolton e do seu amor oculto, e mesmo da amizade fundamentada num amor sem expressão que liga Max a Rita, dão ao pequeno ambiente de Frognal Point uma inesperada complexidade, fazendo com que a vida na Argentina surja como um caminho simples, em comparação.
Não é uma leitura compulsiva. Os momentos mais introspectivos, a multiplicidade de personagens e o ritmo pausado a que a narrativa evolui fazem com que o enredo desta história seja um caminho para percorrer com calma. Há, ainda assim, momentos de grande força emocional e, com as personagens fortes (mas humanas e, portanto, falíveis) que povoam o pequeno, mas fascinante, lugar de Frognal Point, esta é uma história que nunca deixa de ser cativante. Gostei, portanto.

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