quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O Medo do Homem Sábio - Parte II (Patrick Rothfuss)

Enviado pelo Maer para lidar com os bandidos que atacam na estrada do Rei, Kvothe encontra-se agora na companhia de um grupo de mercenários e a desempenhar uma missão que poderá representar muitas dificuldades e muito tempo de busca. O ambiente é tenso e, para lá da missão de que foi incumbido, Kvothe tem também de lidar com os seus invulgares companheiros. Mas a missão é apenas o início de uma longa viagem pelo desconhecido e cada novo passo pode ser, ao mesmo tempo, uma ameaça e uma oportunidade de encontrar respostas para a sua busca de respostas. Um caminho longo, feito tanto de sucessos como de derrotas, de aventuras que ninguém mais terá vivido, mas também, e principalmente, de aprendizagem - pela vida fácil e pela difícil.
Ainda longe do ambiente já familiar da Universidade, e passando por uma série de cenários bastante diferentes dos conhecidos, este segundo volume apresenta, em parte devido à caracterização cuidada dos novos ambientes e culturas apresentados, em parte pelo maior foco em pequenos acontecimentos (ainda que igualmente relevantes), um ritmo um pouco mais pausado. Continuam a surgir os ocasionais grandes momentos em que, subitamente, tudo parece mudar, mas é no percurso de Kvothe e na sua aprendizagem com as novas figuras que cruzam o seu caminho que está o maior desenvolvimento nesta parte da narrativa e, gradual como todos os percursos de aprendizagem, o rumo das suas experiências é desenvolvido aos poucos, com alguma demora nos pequenos pormenores. 
Mantém-se a escrita cativante dos livros anteriores, associada a uma interessante caracterização das personagens, permitindo criar empatia para com estas. Neste aspecto, continua a ser Kvothe quem se destaca, principalmente no revelar das suas vulnerabilidades. Ao ser o protagonista a contar a sua própria história, é interessante notar a forma como essas fragilidades são assumidas, ganhando ainda uma maior evidência com o desenvolvimento ocorrido nos Interlúdios, onde, ao mesmo tempo que vários mistérios se insinuam (para culminar num final impressionante), o contraste entre as aventuras passadas e o presente de quem a conta é particularmente marcante.
Muito é deixado em aberto para o livro seguinte. Ao fechar este livro com o que é, em parte, uma conclusão adequada  - ao cenário de um narrador que gere as pausas da sua história pessoal - e um grande mistério que parece mal ter começado, fica a curiosidade em saber que respostas serão dadas para o que ficou por dizer e, principalmente, que aventuras estarão ainda para contar e de que forma terão levado o protagonista a um presente que é, em muitos aspectos, ainda um enigma.
De ritmo pausado, mas com uma história envolvente, momentos de grande força emocional e um protagonista ao mesmo tempo carismático, intrigante e vulnerável (e, por essa mesma vulnerabilidade, capaz de apelar à empatia), a impressão final que fica deste volume é, também, a mais positiva. Muito, muito bom.

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