domingo, 12 de fevereiro de 2012

Horas de Vidro (Urbano Tavares Rodrigues)

Incluindo poemas escritos ao longo de um período de várias décadas, este pequeno volume reúne a poesia de um autor que, tal como é dito no prefácio, tem como forma predominante na sua obra a prosa, ainda que com laivos de lirismo. Os temas focam-se, na maior parte, a nível do concreto, das paisagens que definem os lugares, ou dos grandes acontecimentos que marcaram o tempo. Há, portanto, uma certa medida de descrição nesta poesia, o que transparece também na simplicidade com que certos cenários são descritos, de forma quase directa, mas evocando uma imagem bastante precisa.
Acrescenta-se, a esta percepção sensorial das coisas e dos lugares, um espectro de emoções que oscila entre a nostalgia, a esperança e uma vaga desilusão. Há poemas onde sobressai uma certa contemplação, uma expectativa perante o futuro que virá. Noutros, evidencia-se um quase desânimo, a pergunta de sobre como as coisas terão chegado àquilo que o poeta contempla. Une-se, assim, a visão do mundo circundante à percepção individual do poeta, num conjunto que acaba por se revelar de uma simplicidade surpreendente e onde são os poemas onde a emoção mais se evidencia aqueles que mais acabam por marcar.
A impressão que fica, depois de terminada a leitura deste conjunto de poemas, é a de uma viagem a lugares concretos e possíveis, através do olhar de alguém que sente pelo mundo e que o vê com pensamentos bem definidos. São poemas relativamente simples, mas que transmitem de forma precisa os lugares e as emoções que contêm e que, apesar dos muitos anos que separam alguns deles, transmitem também uma clara unidade. Gostei de ler.

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