quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A Minha Verdade é o Amor (Luanne Rice)

De regresso à Irlanda em busca do passado que deixou para trás, a Irmã Bernadette Ignatius, chega - acompanhada por Tom Kelly - preparada para dificuldades. Muito tempo antes, viu-se forçada a escolher entre uma vocação abençoada pela própria Virgem e um filho que teria de deixar para trás. E Bernie escolheu. Escolheu seguir a sua vocação e dar o filho para adopção, na esperança de que este encontrasse uma família feliz. Mas não foi isso que aconteceu. Ainda assim, passados demasiados anos desde esse tempo, Seamus é agora um homem relativamente feliz, excepto pela busca do amor da sua vida. Kathleen foi, desde o tempo do orfanato, a sua alma gémea, e Seamus sempre procurou uma forma de a encontrar, mas parecia-lhe impossível. Mas quando Bernie e Tom entram na sua vida, é possível que o caminho para o reencontro esteja na ajuda daqueles pais indesejados. Pais que se encontram ainda presos na mesma batalha entre a fé e o amor.
Não é de surpreender, tendo em conta a história central deste livro, que seja o lado emocional o que mais se evidencia ao longo de toda a leitura. A história vive, em grande parte, das emoções. Das emoções, mas nem só do romance, pois, se é certo que o amor entre Kathleen e Seamus, e também entre Bernie e Tom, é a força motriz de muitas das suas acções, não é, ainda assim, a única força que os move. Isto evidencia-se em muitas pequenas coisas: na relação de afecto entre os Kelly, mesmo considerando os atritos existentes no passado, mas também na presença da família de Bernie nos momentos mais dolorosos. Em todas as relações, em suma, há um toque de emoção que prevalece, e é esse elemento que mais contribui para estabelecer empatia com as personagens.
Mas não com todas. Se nos protagonistas e em alguns dos que os rodeiam há uma bondade inerente e uma relativa solidez de valores - valores que são, apesar de tudo, questionados por algumas das decisões tomadas - , outras figuras há que são simplesmente revoltantes. E aqui se encontra o que falha um pouco neste livro: há partes da história, principalmente no respeitante a personagens mais secundárias, como no caso de Eleanor Marie e no que moldou a sua personalidade (mas também nos tais atritos familiares entre Tom e os Kelly, que acabam por se ficar por algumas referências vagas), que acabam por ser desenvolvidas de forma demasiado simples, deixando algumas circunstâncias por explicar.
Há, ainda assim, momentos bastante marcantes nesta história. Não é difícil prever a forma como algumas das situações são resolvidas. Afinal, a busca por Seamus e a busca deste por Kathleen são os elementos centrais da história, e os encontros são, de certa forma, expectáveis. Mas a forma como esses encontros se desenvolvem, quer no paralelismo entre as duas relações, quer na forma como os acontecimentos se encaminham para uma conclusão intensa, acaba por surpreender pela estranha, mas adequada, conjugação de felicidade e tragédia, com um toque de magia inspirado pela presença dos seres amados que partiram. É a fase final o ponto mais marcante desta história e basta, ainda que todo o enredo seja cativante e agradável, para que a leitura valha a pena.
Comovente nos seus melhores momentos, e envolvente na sua globalidade, A Minha Verdade é o Amor é, no essencial, uma história de afectos e de escolhas erradas, simples, na essência, mas marcante nos sentimentos que evoca. Uma boa leitura, com alguns momentos particularmente enternecedores e um final bem conseguido. Gostei.

1 comentário:

  1. Eu achei fraco. A heroína é uma egoísta, faz o papel de Deus ao afastar o pai do filho e toma uma decisão que vai completamente contra aquilo que se esperaria de uma freira (Abandonar um filho para se ser freira parece-me uma situação muito bizarra. Ao menos que o deixasse com o pai, mas nem isso. Ele próprio era um fraco). Nunca mais li nada desta autora.

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