terça-feira, 21 de agosto de 2012

Um Estranho nos Meus Braços (Lisa Kleypas)

Longe de ser feliz no seu casamento, Lara recebeu com um alívio culpado o anúncio da morte do seu marido num naufrágio. Mas agora, um ano depois, chega a notícia de que, afinal, Lorde Hawksworth está vivo, pois o homem que acaba de regressar tem todos os sinais e conhecimentos necessários para provar que não é um impostor. Até mesmo Lara o reconhece... pelo menos, na aparência. Já no comportamento, Hunter parece ser um homem bem diferente, e isso não se resume aos efeitos do tempo passado na Índia. O marido frio e, por vezes, cruel, parece ter dado lugar a um homem sedutor e carinhoso, capaz de despertar em Lara um desejo que ela nunca conheceu verdadeiramente. Mas serão este homem e o seu marido realmente a mesma pessoa?
Centrada, em grande parte, na relação entre o casal protagonista, mas com um toque de mistério associado à identidade de Hawksworth enquanto ele próprio, esta é uma história que, não sendo propriamente surpreendente, cativa, ainda assim, pela leveza e pela envolvência da narrativa. A escrita é relativamente simples, mas fluída e cativante, e a forma como a autora conjuga ternura e emoção (não necessariamente associadas à relação entre Hunter e Lara) com alguns momentos divertidos e algumas situações de tensão fazem desta obra uma leitura agradável e interessante.
Grande parte do enredo diz respeito à sedução de Lara por parte do seu possível marido. Não surpreende, portanto, que a sensualidade seja um dos elementos que se destacam no desenvolvimento da história, juntamente com uma certa emotividade derivada das acções a que Hunter está disposto para reconquistar a esposa. Também aqui não há grandes surpresas, mas mantém-se a curiosidade em saber de que forma irá evoluir a relação entre o casal, principalmente porque os pequenos conflitos entre ambos insinuam a existência de um ponto de viragem que, inevitavelmente, exigirá escolhas e cedências mais profundas da parte de ambos.
O que leva à história para lá do romance. Neste aspecto, fica, por vezes, a sensação de que mais haveria a dizer sobre algumas das situações apresentadas, já que, apesar de representarem um interessante complemento à evolução da relação amorosa, acabam por desempenhar um papel relativamente discreto, deixando a curiosidade em saber um pouco mais. Isto acontece no respeitante às ambições de Arthur e Janet, cujas acções surgem apenas na fase final e das quais poderia ter sido apresentado um pouco mais de planeamento, mas também no que diz respeito ao passado de Hunter e à forma como este se relaciona com algumas das personagens secundárias. Já o mistério de quem é, afinal, o regressado Lorde Hawksworth é explorada da forma mais adequada, já que as pequenas e pouco reveladoras insinuações mantêm vivo o enigma, preparando caminho para um final intenso e surpreendente. Há, ainda, a história da irmã de Lara, também esta explorada de forma relativamente discreta, mas sem deixar perguntas sem resposta e com um agradável sentido de justiça poética na forma como tudo se resolve.
Não é uma história particularmente surpreendente e há pequenas coisas que poderiam ter sido um pouco mais aprofundadas. Apesar disso, Um Estranho nos Meus Braços apresenta uma história leve e envolvente, com personagens empáticas e alguns momentos enternecedores. Uma boa história, portanto.

1 comentário:

  1. Foi o primeiro- e único- livro que li da Lisa Kleypas e também gostei dele :)

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