Quando uma família inteira é encontrada morta, de forma brutal, na sua própria casa, o detective Alex Cross é chamado à cena do crime. A sua reputação precede-o no que toca à resolução de casos complicados, mas aquele pode bem ser o mais terrível que alguma vez viu. Além disso, uma das vítimas é uma amiga de tempos antigos, o que contribui ainda um pouco mais para justificar a determinação de Alex em encontrar o responsável. Mas, à medida que os crimes se sucedem e a investigação avança, a identidade do assassino - conhecido apenas como Tigre - leva a investigação para um rumo complicado. Alex sente-se na obrigação de o seguir até ao fim do mundo, se for preciso. Mas, em África, as regras são diferentes. E o Caçador de Dragões facilmente se pode tornar a presa...
Das várias séries deste autor, todas elas cativantes e interessantes, esta é, provavelmente, a melhor. E, por várias razões. Além dos já expectáveis pontos fortes, que incluem um ritmo de acção intensa, uma escrita cativante e a capacidade de surpreender a cada nova revelação, esta série é também a que apresenta personagens mais complexas e enredos mais elaborados. E isso é particularmente evidente neste livro.
Com grande parte do enredo a decorrer em África, o autor cria, desde logo, um contraste impressionante entre o mundo de Alex e aquele onde decorre a sua perseguição ao assassino. E, sem nunca perder de vista a linha do enredo, e a constante tensão da perseguição (e respectívas consequências), este contraste leva também a questionar a existência de mundos diferentes num mesmo mundo. Alex descobre toda uma nova e terrível realidade no seu percurso. E, através dele, o mesmo acontece com o leitor.
Também já habitual, mas sempre cativante, é a capacidade do autor de surpreender no rumo dos acontecimentos. Sempre com algo de relevante a acontecer, seja a brutalidade dos crimes, sejam as circunstâncias delicadas em que o próprio Alex se coloca, todo o livro é repleto de acontecimentos intensos e revelações surpreendentes. Isto desde os primeiros capítulos e até às páginas finais. Escusado será dizer, pois, que se torna difícil parar de ler.
Mas o grande ponto forte é, ainda e sempre, Alex Cross. Heróico quanto baste e com a inevitável medida de sorte, Alex está, ainda assim, muito longe da ideia do detective perfeito, capaz de tudo desvendar e de fugir às mais terríveis complicações. Mais uma vez, este livro realça a sua humanidade, e fá-lo quer na travessia das situações mais complicadas, quer na revelação de um lado vulnerável. Além de episódios intensos e de situações de vida ou morte, abre-se, assim, espaço para a emoção, e isso acontece tanto nos grandes momentos, como na mais simples reflexão. E, através destes momentos, uma personagem cada vez mais fascinante vai sendo revelada.
Provavelmente, o mais sombrio dos livros da série até agora, Alex Cross - A Caça coloca o seu protagonista nas mais difíceis circunstâncias, para revelar, mais uma vez, o seu melhor, numa história viciante, intensa e sempre surpreendente. Como já era de esperar, aliás.
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