quarta-feira, 11 de maio de 2016

Uma Sombra sobre Florença (Sylvain Reynard)

Apesar de tudo o que os separa e das dificuldades de manter uma relação tendo em conta as suas diferentes naturezas, o príncipe de Florença não consegue separar-se de Raven Wood. Nem ela quer que ele o faça. Mas, num mundo de sombras em que os vampiros são senhores discretos e os humanos pouco mais que uma presa, há muitos obstáculos a transpor para manter viva essa relação. Além disso, a instabilidade dos últimos tempos fez com que o olhar de um inimigo mortal caísse sobre o principado. William precisa de pôr ordem na sua casa - ou as consequências serão terríveis. E, quando se torna claro que a própria Raven tem também uma ligação - indesejada - à Cúria, a escolha torna-se clara (mas não fácil). Desistir de Raven ou sacrificar a cidade em nome do amor?
Dando continuidade à história iniciada em Raven - Noites de Florença este é um livro em que sobressaem igualmente os pontos que tem em comum com a fase anterior da história e aqueles em que há uma mudança de rumo. O romance, por um lado, continua a estar bem presente, realçando afectos para lá das diferenças e da estranheza e cruzando um ambiente sombrio e sobrenatural com características profundamente humanas. E, por outro, a intriga política que envolve os meandros do principado - e de toda a sociedade vampírica - vai assumindo um papel cada vez mais dominante, que culmina numa fase final de grandes mudanças e de grandes possibilidades para o que se seguirá.
Ora, tudo isto faz com que este livro funcione, em grande medida, como volume de transição, sendo que as diferentes peças do tabuleiro político vão tomando as suas posições, ao mesmo tempo que as circunstâncias se encaminham para uma grande mudança - sentimental e política - ainda por vir. E, assim sendo, ficam perguntas sem resposta. Mas é interessante notar que, apesar de tudo o que é deixado em aberto, nunca fica a impressão de curiosidade insatisfeita, mas antes a expectativa do que ainda está para vir. Talvez pelo muito que o que fica em aberto promete - ou talvez pelo facto de, apesar de abrir caminho para acontecimentos posteriores, a história do que acontece neste livro ser, ainda assim, relevante em si mesma.
Continua a haver uma pequena presença de personagens da outra trilogia - principalmente Gabriel - mas de forma muito mais discreta. O que faz sentido, tendo em conta que a linha principal do enredo se centra muito mais nos problemas de Raven, de William e do principado em geral e não tanto na questão das ilustrações roubadas. Ainda assim, essa presença discreta deixa antever um regresso a essas personagens, o que cria também alguma expectativa. Até porque é deixada no ar uma grande pergunta sobre Julianne.
Tudo isto se conjuga num equilíbrio fascinante, em que a intriga política e a relação sentimental parecem conjugar-se na medida exacta, dando forma a uma história intensa e surpreendente. E assim, tudo cativa nesta leitura, desde a escrita à história e às personagens, sem esquecer o que promete para o que ainda falta contar. A soma de tudo é, pois, um livro que não desilude. E que aumenta ainda um pouco mais as expectativas para o que se seguirá.

Autor: Sylvain Reynard
Origem: Recebido para crítica 

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