Mais rápido do que a própria sombra e astucioso como muito poucos, nem mesmo cheio de sono Lucky Luke consegue deixar de ir em auxílio de quem precisa. Mas o seu encontro com o inventor Albert Overman trar-lhe-á aventuras como nunca viu. A caminho de uma corrida de bicicletas, o inventor leva consigo um novo e revolucionário modelo, com que espera bater a concorrência. Só que a concorrência tem outros planos... e Luke acabará por se ver obrigado a experimentar em primeira mão essa nova - e pouco expressiva - montada.
Como personagem intemporal que é, Lucky Luke dispensa apresentações, mas um dos pontos a sobressair desta nova aventura é o cativante equilíbrio entre familiaridade e inovação. Não é propriamente fácil imaginar um cowboy sem o seu cavalo, certo? E é esta mudança, com todas as peripécias divertidas que a acompanham, que torna esta história tão diferente, sendo, porém, em simultâneo perfeitamente evocativa do Lucky Luke tradicional (disparos rapidíssimos incluídos).
Embora as características e a personagem sejam sobejamente conhecidas, há, ainda assim, uma certa singularidade. Se o compararmos, por exemplo, com O Homem que Matou Lucky Luke, vemos não só um traço muito diferente, aparentemente um pouco mais... rotundo (e não vou explicar o porquê desta palavra, porque estaria a revelar a surpresa final), mas também um registo global mais leve. As atrapalhações de Luke com a bicicleta e toda a situação em torno do seu cavalo são simplesmente deliciosas, tal como a relação entre o casal de bandidos. E assim, mais do que os tiros e a perspicácia (não querendo, ainda assim, dizer que os não haja) sobressai um humor verdadeiramente brilhante.
Quanto aos bandidos e à história principal, fica, por vezes, a sensação de um avanço ligeiramente apressado, em que talvez a parte dos vilões pudesse ter sido um pouco mais desenvolvida. Mas faz um certo sentido este ritmo alucinante, reflectindo um pouco a imagem da correria de Lucky Luke no seu novo... burro de ferro.
Leve, cativante e, acima de tudo, com um sentido de humor delicioso, eis, pois, uma leitura breve, mas absolutamente empolgante. Um Lucky Luke diferente, talvez, mas tão irresistivelmente familiar que deixa saudades.
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