sábado, 27 de março de 2021

O Despertar do Nefilim - A Batalha dos Caídos (David Costa)

O plano está em marcha. O Apocalipse está próximo. E Gonçalo aceitou finalmente o seu destino e a certeza de que só o poder que lhe corre nas veias pode fazer alguma coisa para o impedir. Sofreu grandes perdas, mas desferiu também um grande golpe nas hostes de Lúcifer. E agora precisa de retomar a busca, de encontrar as partes da espada do seu antepassado para assim poder tomar plena posse do seu poder. Só que ele não é o único a ter planos. E, se os demónios parecem ter abrandado um pouco para lamber as feridas, a verdade é que nem todos seguem as mesmas ordens. E também do suposto lado do bem há intrigas e planos pouco... angelicais.
Uma das primeiras coisas que importa referir sobre este segundo livro é que é uma continuidade directa do anterior, o que significa que é importante ler o primeiro antes de avançar para esta fase da história, pois foi aí que as diferentes peças começaram a assumir as suas respectivas posições. E sendo a continuação da história anterior, há também um aspecto que se desde cedo se torna evidente: a forma como as qualidades do primeiro livro são aqui potenciadas e expandidas ao alargar a história para outros planos e intrigas. Mantém-se a intensidade viciante, a acção entrelaçada em momentos de emoção e até, ocasionalmente, de humor, a escrita envolvente e a capacidade de surpreender. Mas tudo isto é ampliado, com novas figuras a entrar em cena, planos a revelar-se mais intrincados do que pareciam e uma curiosamente fascinante ambiguidade moral vinda sobretudo dos lados do céu.
Há também um percurso de crescimento pessoal no que diz respeito às personagens - sobretudo Gonçalo e Sandra, obviamente. As dúvidas e os dilemas, os momentos difíceis e o laço emocional que começa a crescer conjugam-se com o peso do destino e da responsabilidade para criar um comportamento mais ponderado, ainda que sempre com a presença dos inevitáveis rasgos emocionais, ou não fosse a perda uma parte tão grande do percurso de Gonçalo. Este crescimento torna as personagens mais próximas e reforça a intensidade dos momentos mais emotivos.
Mas, embora seja o protagonista, a história está longe de se cingir a Gonçalo. Há coisas a acontecer no céu e no inferno, fantasmas do passado que voltaram para assombrar os envolvidos, decisões passadas cujas consequências começam agora a manifestar-se, e intrigas... muitas intrigas. Quer isto dizer que não faltam surpresas e reviravoltas, não só no percurso individual de Gonçalo, mas também no que toca às outras forças em jogo. E, entre as surpresas e os momentos marcantes, é muito difícil não querer saber o que acontece a seguir. Até porque... a história não acaba aqui.
Cheio de surpresas, de intensidade, de intriga e de emoção, trata-se, pois, de um segundo volume que corresponde inteiramente às altas expectativas deixadas pelo primeiro. Uma história de anjos e demónios - e de seres humanos, sobretudo - onde nada é o que parece e tudo pode acontecer. Muito bom.

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