Atormentado pelo passado e cansado do rasto de morte que parece deixar à sua passagem, Ben Hope decide renunciar à sua antiga vida e concluir o há muito abandonado curso de teologia. Mas o passado não se afasta assim tão facilmente e, quando a filha de um dos seus professores desaparece sem deixar rasto, Ben acaba por se ver envolvido numa busca perigosa, onde interesses consideráveis estão em jogo e onde um simples artefacto pode ser a base para o colapso do mundo.
Tal como já acontecera em O Segredo do Alquimista, a grande força deste livro está no seu protagonista. E isto não se aplica necessariamente às suas reacções e relações com o enredo principal, mas acima de tudo com a sua personalidade e história passada. Benedict Hope é um indivíduo profundamente humano, mas marcado por uma vida dura, onde a perda parece ser uma constante. E, pior que isso, o facto é que, por melhores que sejam as suas intenções, por mais que tente minimizar os estragos, o facto é que a morte floresce por onde ele passa. E, numa figura que (apesar de ser particularmente hábil nisso) não gosta de matar, acabam por ser as mortes involuntariamente causadas, aquelas que se revelam também desnecessárias, as que lhe marcam uma consciência viva e dolorosa que é, sem dúvida, o elo mais forte de todo este livro.
Quanto à linha principal desta história, é curioso notar que o autor foge às exaustivas aplicações de informação histórica e mitológica associadas a vários livros deste género. Há toda a profecia do livro do Apocalipse, é claro, e o artefacto a ela associado, mas estes elementos são explorados apenas na medida em que são necessários ao enredo, permitindo um ritmo envolvente e viciante, à medida que acontecimento atrás de acontecimento vão tomando lugar, sem que explicações desnecessárias quebrem a intensidade da leitura.
Há alguns momentos em que não é difícil prever o que acontecerá a seguir, nomeadamente na intervenção do agente especial Callaghan. Ainda assim, estes pontos mais previsíveis na linha narrativa são compensados pela força de personagens, já que a personalidade forte característica de Ben não é a única a marcar ao longo desta história. Também Zoë e, principalmente, Alex, têm uma natureza surpreendente a ser revelada no decorrer deste livro.
Intrigante, viciante e com um protagonista de grande força mental e emocional, uma leitura de ritmo intenso, mas sem descurar uma certa dose de emoção que torna o leitor quase próximo a cada personagem. Fica a curiosidade em ler novos livros deste autor... porque ainda há muito a dizer sobre Ben Hope.
Concordo com tudo!
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